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    Merkel elogia Brasil por aceitar meta "audaciosa" de uso de energia limpa

    ISABEL FLECK
    ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
    FLÁVIA FOREQUE
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    20/08/2015 21h15

    A presidente Dilma Rousseff conseguiu arrancar elogios da chanceler alemã, Angela Merkel, ao anunciar que o Brasil aceitou a meta de descarbonizar a sua economia —tornando-a baseada em energia limpa— até 2100.

    O compromisso inicial foi feito pelo G7 num encontro em junho. Para Merkel, a agenda do Brasil é "ambiciosa" e deve encorajar outros países a serem "mais audaciosos".

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Presidente Dilma recebe a chanceler alemã, Angela Merkel, que está em visita oficial ao Brasil, no Palácio do Planalto, nesta quinta
    Presidente Dilma recebe a chanceler alemã, Angela Merkel, que está em visita oficial ao Brasil, no Palácio do Planalto, nesta quinta

    "Se quisermos evitar, de fato, que a temperatura [global] aumente dois graus, o nosso compromisso com a descarbonização no horizonte de 2100 é algo muito importante para todo o planeta", disse Dilma, em declaração à imprensa, ao lado de Merkel, no Planalto.

    A agenda sobre mudanças climáticas era uma das prioridades para a líder europeia, que quer intensificar a campanha entre os emergentes para evitar um fracasso na COP-21 (Conferência do Clima da ONU), que vai acontecer em Paris, em dezembro.

    "É um fato muito importante que cada um faça aquilo que é possível fazer para limitar o aquecimento global em dois graus [até 2100]", disse Merkel, acrescentando que o Brasil "deu um enorme passo".

    "Esses compromissos do Brasil devem servir para encorajar outros países para serem mais audaciosos", completou.

    Apesar do compromisso a ser cumprido até o fim do século, o governo brasileiro não incluiu na declaração conjunta sobre mudança do clima as metas que o país deve levar para a COP-21.

    De acordo com Dilma, elas serão anunciadas em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, quando serão definidos os objetivos de desenvolvimento sustentável, que substituirão os objetivos de desenvolvimento do milênio.

    Mais cedo, o chanceler Mauro Vieira havia declarado que o Brasil não tem obrigação de divulgar suas metas agora. "Há um momento, uma data estabelecida pela ONU, não tem por que apresentarmos antes."

    À Folha, a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) disse que a meta de descarbonização não figura entre o chamado INDC (sigla para contribuições nacionalmente determinadas pretendidas) a ser levado pelo Brasil para Paris.

    "É um compromisso dos países, de assegurar os dois graus —esse sim um compromisso já acordado na convenção [das Nações Unidas sobre mudanças do clima]. E o Brasil com isso informa que ele não topará nenhuma mudança de meta de aumento de temperatura."

    IMPRESSIONADA

    Segundo a ministra, Dilma teria conversado na reunião bilateral no Planalto sobre as possíveis metas brasileiras para a COP-21, o que deixou Merkel "impressionada".

    Ao lado de Merkel, Dilma disse que "anteciparia" alguns dos compromissos, mas apenas repetiu metas já anunciadas em junho, como a restauração e recuperação florestal de 12 milhões de hectares e o fim do desmatamento ilegal -desta vez sob o detalhamento que seria apenas na Amazônia, e com prazo até 2030.

    Sem detalhar, Dilma anunciou a neutralização das emissões de gás carbônico associadas também ao desmatamento legal na Amazônia.

    Na declaração conjunta, Brasil e Alemanha disseram apoiar fortemente a adoção de um acordo "ambicioso, duradouro, abrangente e juridicamente vinculante", que reflita "as responsabilidades comuns porém diferenciadas".

    Este último ponto é sempre defendido pelos países em desenvolvimento, por levar em consideração a situação de cada país nas exigências de metas.

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