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    Colômbia pede que Venezuela reabra sua fronteira com o país

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    25/08/2015 23h50

    O governo da Colômbia pediu nesta terça-feira (25) cooperação à Venezuela para que possa ser reaberta a fronteira entre os dois países, fechada há uma semana por ordem do presidente Nicolás Maduro.

    Tomada depois que paramilitares mataram três soldados, a decisão do mandatário chavista foi seguida por um estado de exceção que levou à deportação de 1.113 colombianos em cinco dias.

    Em nota conjunta, os ministérios das Relações Exteriores e do Interior colombianos pediram que a crise fronteiriça não seja usada politicamente em ambos os países.

    A declaração foi uma resposta à retórica inflamada do mandatário chavista e do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, que rompeu com seu sucessor, Juan Manuel Santos, e a quem Maduro acusa de comandar os paramilitares que atacaram os soldados na fronteira.

    "A agressividade nos dois lados da fronteira não ajuda em nada a resolver a situação, assim como tampouco entendemos quem pretende tirar proveito da lamentável situação de nossos compatriotas", diz o comunicado.

    George Castellanos/AFP
    Colombianos carregam móveis ao atravessar o rio Táchira, que separa a Colômbia da Venezuela
    Colombianos carregam móveis ao atravessar o rio Táchira, que separa a Colômbia da Venezuela

    Na segunda (24), Maduro disse que a Venezuela é vítima do "modelo capitalista paramilitar de extrema direita colombiana" que, de acordo com ele, é chefiado por Uribe. "A fronteira vai ficar fechada até que se restabeleça um mínimo de convivência, de respeito à legalidade, à vida e à economia."

    Uribe rebateu Maduro e comparou a deportação ao Holocausto. "Assim como Hitler difundiu o ódio contra os judeus, a ditadura castro-chavista da Venezuela se dedica a destilar o ódio contra o povo colombiano."

    A troca de acusações acontece meses antes de eleições nos dois países. Em dezembro, Maduro tentará manter sua maioria no Parlamento, apesar da grave crise econômica e de desabastecimento.

    Dois meses antes, será a vez de Uribe medir forças com o Santos, seu ex-aliado, nos pleitos para os governos de departamentos (Estados) e prefeituras da Colômbia.

    A discussão entre Maduro e Uribe acontece horas antes da primeira rodada de negociações entre as chanceleres colombiana, María Ángela Holguín, e venezuelana, Delcy Rodríguez. As duas se reúnem em Cartagena (Colômbia) na tarde desta quarta.

    DEPORTADOS

    Enquanto os ânimos políticos dos dois lados da fronteira se acirram, dezenas de colombianos deportados nos últimos dias tentaram nesta terça (25) recuperar parte de seus pertences atravessando ilegalmente o rio Táchira, que divide os dois países.

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    Devido ao estado de exceção, as famílias colombianas foram retiradas à força por soldados da Guarda Nacional Bolivariana de favelas de San Antonio del Táchira.

    Devido ao temor de que seus objetos fossem destruídos ou recolhidos pelos soldados, dezenas de pessoas aproveitam a maré baixa e cruzaram o curso d'água com móveis e eletrodomésticos.

    Em entrevista à imprensa colombiana, os deportados dizem que os soldados invadiram suas casas de forma truculenta e destruíram os barracos onde moravam.

    Para fazer frente às deportações, a Colômbia construiu abrigos em Cúcuta para abrigar os deportados. No total, 864 adultos e 249 crianças receberam assistência.

    Os últimos 42 entraram nesta terça pela fronteira em Paraguachón, a 521 km de Cúcuta. A Defensoria Pública do país também investiga o caso de 34 crianças venezuelanas que foram separadas de seus pais colombianos.

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