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    Possível candidatura de vice deixa Obama em situação desconfortável

    JULIE PACE
    DA ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON

    26/08/2015 07h00

    O presidente Barack Obama está em posição desconfortável, apanhado entre as aspirações à Casa Branca de dois de seus colaboradores mais próximos: o vice-presidente, Joe Biden, e a antiga secretária de Estado, Hillary Clinton.

    Há meses os funcionários da Casa Branca vinham prevendo que Hillary seria a indicada do Partido Democrata para a eleição presidencial de 2016.

    Alguns dos principais assessores políticos de Obama se mudaram para Nova York a fim de comandar a campanha dela, e o presidente parecia ter conferido aprovação tácita, afirmando que Hillary seria "uma excelente presidente".

    Mas essa aposta em Hillary subitamente parece menos segura.

    Com Biden ponderando mais seriamente uma possível disputa da indicação presidencial, diante de sinais de fraqueza na campanha de Hillary, a Casa Branca encara a perspectiva de uma briga de família sobre quem herdará o legado de Obama.

    "Ele certamente tem nisso algo que está em jogo", disse Josh Earnest, o porta-voz da Casa Branca, sobre o interesse de Obama na eleição de 2016, na segunda-feira (24).

    As recentes abordagens de Biden a doadores de fundos de campanha e dirigentes do Partido Democrata causaram visível desconforto na ala oeste da Casa Branca, e os assessores do presidente, muitos dos quais ligados há muito a Hillary, a Biden ou a ambos, estão tentando se manter imparciais.

    Earnest mencionou a perspectiva de que Obama endosse um candidato nas primárias democratas, ainda que outras pessoas próximas ao presidente afirmem que é improvável que ele interfira abertamente na decisão caso Hillary e Biden estejam envolvidos em uma disputa acirrada.

    Ao escolher entre Hillary e Biden, Obama estaria optando entre dois dos mais influentes membros de sua administração.

    Obama e Hillary há muito transformaram em amizade sua rivalidade nas primárias de 2008.

    Hillary deixou o governo no começo de 2013, depois de quatro anos como secretária de Estado de Obama. Mas ela e o presidente ainda se reúnem ocasionalmente.

    Na semana passada, os dois foram à festa de aniversário de Vernon Jordan, influente líder de bastidores do Partido Democrata, e Obama aproveitou a viagem à luxuosa ilha de Martha's Vineyard para jogar golfe com o ex-presidente Bill Clinton.

    No entanto, alguns funcionários da Casa Branca se irritaram com as revelações de que Hillary havia ignorado normas da administração ao usar uma conta pessoal de e-mail para conduzir assuntos do Departamento de Estado.

    Alguns aliados de Obama também declaram, em off, que estão irritados pela condução dada por Hillary à questão dos e-mails, que continua a prejudicar sua campanha.

    Enquanto isso, Obama e Biden parecem ter desenvolvido uma genuína amizade em seus seis anos e meio juntos na Casa Branca.

    Quando Beau, o filho de Biden, morreu de câncer no cérebro, há alguns meses, Obama falou no serviço fúnebre em tom comovido e se referiu ao vice-presidente como "irmão".

    Nas semanas posteriores à morte do filho de Biden, Obama buscou garantir que o vice-presidente estivesse ao seu lado em todos os anúncios importantes do governo.

    Earnest disse que Obama encara sua escolha de Biden para colega de chapa como a mais inteligente decisão de sua carreira política.

    "Creio que isso basta para lhes dar uma ideia da opinião do presidente sobre a aptidão do vice-presidente Biden para o comando do Executivo", disse Earnest.

    Na segunda-feira, Obama e Biden se encontraram para seu almoço semanal na sala de refeições privativa do presidente.

    Os dois passaram boa parte de agosto em férias com suas famílias, e o almoço foi seu primeiro encontro pessoal desde que Biden começou a deliberar com mais seriedade sobre uma possível campanha presidencial.

    Pessoas que conhecem o pensamento de Biden dizem que ele ainda não tomou a decisão final, mas deve anunciar seu futuro político em um mês.

    O vice-presidente está consultando um grupo seleto de assessores veteranos, ainda que haja rumores sobre divisões no grupo quanto a uma candidatura.

    As pessoas próximas a Obama e a Biden insistem em que seus nomes não sejam mencionados, porque não têm autorização para discutir publicamente as deliberações do vice-presidente ou a posição da Casa Branca sobre a disputa de 2016.

    É claro que aquilo que está em jogo para Obama na eleição de 2016 é maior que apenas sua relação pessoal com Hillary ou com Biden.

    Boa parte de seu legado dependerá de um presidente democrata que mantenha suas políticas quanto à imigração, à saúde e à mudança no clima, bem como quanto ao acordo nuclear com o Irã.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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