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    Em Nova Orleans, Obama elogiará 'união' pós-Katrina

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    27/08/2015 10h38

    No discurso que fará para lembrar os dez anos da passagem do furacão Katrina, nesta quinta-feira (27), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiará a "resiliência" de uma das comunidades mais afetadas de Nova Orleans em sua reconstrução.

    Segundo o presidente, os moradores do bairro Lower Ninth Ward são "um exemplo do que é possível fazer quando, mesmo diante de uma tragédia e de suas dificuldades, boas pessoas se unem para construir um futuro melhor".

    A análise sobre a reconstrução da cidade, no entanto, mostra que ela foi desigual —prejudicou, sobretudo, as comunidades mais pobres e deu mais espaço à população branca.

    Estudo do "think tank" Central Data mostra, por exemplo, que o Lower Ninth é um dos quatro bairros, num total de 72, que tem hoje menos da metade da população que tinha antes do furacão.

    Moradores relatam passar por dificuldades básicas até hoje. Reclamam da falta de assistência do governo e da inexistência de indenizações.

    Segundo extratos do discurso divulgados antecipadamente pela Casa Branca, Obama responsabilizará a administração do republicano George W. Bush (2001-2009) pelo drama vivido pelas famílias afetadas.

    Calcula-se que 124 mil moradores deixaram Nova Orleans e não retornaram. Mais de 1.800 pessoas morreram em decorrência do furacão no Estado de Louisiana.

    'OUTRO LUGAR'

    "Isso era para ter acontecido em outro lugar, não aqui", dirá o presidente. "Mas aquela tempestade revelou outra tragédia, uma que vinha sendo cultivada havia décadas. Nova Orleans foi, por muito tempo, afetada por uma desigualdade estrutural, que deixou muitas pessoas, especialmente negros e pobres, sem bons trabalhos, assistência médica acessível ou moradia decente."

    Obama mencionará as crianças que cresceram em um ambiente violento, frequentando escolas piores do que a média —"poucos tiveram a chance de superar a pobreza".

    Ele lembrará a frase que ouviu de uma mulher dias depois do Katrina. "Não tínhamos nada antes do furacão. Agora, temos menos que nada."

    "Nós reconhecemos essa perda, essa dor, não para reavivá-la, não para insistir no passado, mas para podermos seguir adiante, como está seguindo adiante essa cidade", discursará.

    "Porque o projeto de reconstrução não era para simplesmente refazer a cidade que fora um dia. Mas para construir a cidade que deveria ser. A cidade onde todos tenham oportunidades, independentemente de quem quer que seja, como seja ou de quanto dinheiro possua."

    Katrina, 10 anos

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