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    Após liberar petróleo, Obama viaja ao Alasca para falar de mudança climática

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    01/09/2015 00h03

    O presidente Barack Obama começou, nesta segunda-feira (31), viagem de três dias ao Alasca, em meio ao acirramento de tensões causadas pela aceleração de mudanças climáticas, aumento da pobreza e insatisfação popular.

    Ao eleger o Estado no extremo norte do país como símbolo da necessidade de combate ao aquecimento global, Obama, contudo, incorre em contradição, na visão de ambientalistas.

    Mandel Ngan/AFP
    O presidente Barack Obama participa de conferência sobre mudança climática no Ártico em Anchorage
    O presidente Barack Obama participa de conferência sobre mudança climática no Ártico em Anchorage

    Há 15 dias, o democrata voltou atrás no veto à exploração de petróleo no Ártico, numa decisão criticada por oferecer riscos a espécies como ursos polares já afetadas pelas mudanças no ecossistema local.

    O presidente foi recebido sob protestos de ativistas vestidos de ursos polares e com cartazes contra a multinacional Shell, que reouve o direito de exploração de poços no Ártico.

    Obama não comentou a questão ao abrir uma cúpula sobre o Ártico em Anchorage. Ele defendeu que líderes mundiais tomem medidas concretas. "Não basta apenas fazer conferências", criticou. Mas sua postura gerou novos protestos.

    Em outras ocasiões, Obama disse que a exploração de petróleo se justifica pela importância da energia gerada pela queima de combustíveis fósseis.

    Mas, ao mesmo tempo, a liberação tem uma função política, porque tende a amenizar o descontentamento da população local. O petróleo é a principal fonte de empregos e receitas no Estado.

    Em um vídeo divulgado às véspera das da visita presidencial, uma corporação de investidores nativos criticou as "políticas de Washington", que, "infelizmente, ameaçam a nossa sobrevivência e a nossa economia".

    "Muitas pessoas de fora tentam falar por nós, mas não sabem quão vital é o desenvolvimento energético para o Alasca", afirma o grupo.

    Todavia, a flexibilização da atividade não será, exclusivamente, a solução para o desaquecimento econômico do Estado, diante de quedas consecutivas nos preços do petróleo no mundo.

    As ameaças climáticas continuam a ser, contudo, o foco das atenções internacionais. A três meses da Conferência Global do Clima da ONU, ministros de dez países, inclusive dos Estados Unidos, fora o da União Europeia, reunidos em uma cúpula no Alasca, fizeram comunicado conjunto, nesta segunda, para alertar sobre a "urgência" de se agir para mitigar o aquecimento no Ártico.

    As temperaturas na região vêm aumentando duas vezes mais rápido que no resto do mundo, afirmam. O derretimento de geleiras acelera o aquecimento global e eleva o nível do mar em diversas partes, o que põe em risco comunidades costeiras ao redor do mundo.

    Outro ponto de divergência entre interesses econômicos e ambientais é o da pesca, atividade tradicional afetada por mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, submetida a controles rígidos.

    As restrições econômicas têm, ainda, feito com que o Estado reduza o número de postos militares no Ártico, gerando especulação sobre o avanço de tropas russas na região.

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