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    Brasil quer prorrogar regra que facilita concessão de refúgio a sírios

    NATUZA NERY
    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    04/09/2015 23h06

    Diante da crise de refugiados na Europa e da fuga de milhões de sírios de seu próprio país, o governo brasileiro quer prorrogar as regras que flexibilizam o ingresso dessa população no Brasil.

    A medida permite a facilitação do visto. Uma vez em território nacional, eles podem solicitar o refúgio.

    "A situação é dramática e o Brasil não pode se furtar de ajudar como puder", disse à Folha o secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos.

    "A foto do menino Aylan Kurdi chocou o mundo e é uma demonstração clara e evidente de como a situação tem se agravado", acrescentou, em referência à imagem do corpo da criança de três anos, encontrado em praia da Turquia.

    Dilma também afirmou que ficou comovida com a foto do corpo do menino sírio e criticou a conduta dos países europeus.

    "Todos vocês viram aquele menininho sírio de três anos, morto porque não foi acolhido, morto porque foi abandonado, morto porque os países criaram barreiras para a entrada desse menino", disse.

    E acrescentou que o Brasil se distingue do resto do mundo pela diversidade étnica e pela capacidade de "resistência" e "superação" dos brasileiros.

    "Nós somos um país composto por pessoas de vieram de todas as partes do mundo, além dos povos tradicionais indígenas que aqui estavam [...] Se tem uma riqueza que perpassa esse país é essa diversidade", afirmou.

    Em 2013, dois anos após o início de uma violenta guerra civil na Síria, o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) autorizou a concessão de visto a esse grupo "por razões humanitárias".

    Até então, eles deveriam atender os mesmos pré-requisitos exigidos dos demais estrangeiros, como a comprovação de emprego fixo em seu país e condições financeiras para permanecer no Brasil.

    AGRAVAMENTO

    A partir das novas regras, diante do "agravamento das condições de vida da população", foi possível conceder o documento sem cumprir essas exigências. O benefício, no entanto, tinha validade de dois anos e expira no dia 24.

    A intenção do Conare, então, é manter essa facilidade aos sírios. A próxima reunião do colegiado, na qual o tema deve ser discutido, está marcada para o dia 21.

    "Em razão da permanência da situação de conflito, o governo estuda renovar essa política garantindo a aplicação de seus compromissos internacionais", disse o secretário.

    No fim de agosto, organizações de defesa dos direitos humanos como a Human Rights Watch, a Anistia Internacional e a Conectas enviaram uma carta a Vasconcelos pedindo a renovação da resolução do Conare. "Chegou o momento de o Brasil reafirmar sua escolha pela ajuda humanitária às vítimas de um dos maiores conflitos de nossa época", diz o texto.

    Segundo o Conare, há 2.077 refugiados sírios no Brasil —cerca de 25% de todos os 8.400 refugiados no país.

    Colaborou ISABEL FLECK, de São Paulo

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