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    Atos que lembram 42 anos da ditadura deixam ao menos dez feridos no Chile

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    13/09/2015 20h51

    Uma grande manifestação em homenagem às vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) percorreu neste domingo (13) as ruas de Santiago (Chile) e terminou com violentos confrontos com a polícia.

    Os participantes da marcha pediam o fechamento de uma prisão especial onde ex-militares condenados por crimes durante a ditadura teriam privilégios.

    Entre a noite de quinta (10) e a noite deste sábado (12), ao menos dez pessoas ficaram feridas, a maioria em Santiago, e 52 foram detidas em distúrbios com a polícia durante atos que lembraram o golpe militar.

    Em um acontecimento inédito, a marcha deste domingo–que lembrou os 42 anos do golpe militar que instalou a ditadura– terminou em um cemitério que abriga um memorial aos desaparecidos e mortos pelo regime ditatorial.

    "A ferida segue aberta, porque a verdade não está contada e não foi feita justiça", disse à agência AFP Tania Núñez, 53, que participou da manifestação carregando uma foto de um dos mais de 3.200 assassinados pela ditadura.

    Com a voz de Allende saindo de alto-falantes, milhares de pessoas, dançando ao som de tambores, cruzaram o palácio La Moneda para começar uma caminhada de vários quilômetros.

    Ao longo do caminho, o descontentamento contra a prisão de Punta Peuco –localizada a 50 km de Santiago e que abriga uma centena de ex-membros das Forças Armadas condenados por torturas, sequestros e mortes– foi sentido através dos cantos, cartazes e comentários entre os participantes.

    O governo da socialista Michelle Bachelet –que atravessa seu nível mais baixo de aprovação, com 22%– reiterou no sábado que está avaliando um possível fechamento da prisão, embora tenha negado que existam privilégios no centro de reclusão.

    Na sexta-feira, Bachelet destacou que 42 anos após o golpe que "devastou" o país ainda resta uma dívida pendente e que faltam "verdades a conhecer e justiça por aplicar".

    Diante do imenso memorial com milhares de nomes daqueles que foram mortos pela repressão militar, os familiares depositaram cravos.

    A poucos metros dali foram registrados violentos confrontos que terminaram com a polícia lançando água e gases nos manifestantes.

    A sangrenta ditadura de Pinochet deixou mais de 3.200 mortos e cerca de 38 mil torturados.

    VIOLADOR MORTO

    Na sexta-feira, dia em que o golpe militar no Chile completou 42 anos, morreu Marcelo Moren Brito, 80, uma das principais figuras da temida polícia política da ditadura de Pinochet, a Dina.

    Brito teve participação comprovada em emblemáticos crimes, incluindo na Caravana da Morte, viagem de extermínio que percorreu o país e que deixou dezenas de mortos.

    O ex-coronel estava condenado a mais de 300 anos por violação dos direitos humanos e cumpria sua condenação na prisão de Punta Peuco

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