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    Ministro argentino critica pedido de dados e é acusado de machismo

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    16/09/2015 21h44

    Virou um bate-boca público a divulgação das estatísticas de pobreza na Argentina.

    Após a Justiça mandar o governo apresentar os números que mostrariam quantos são os cidadãos pobres e indigentes do país, o ministro da Economia, Axel Kicillof, atacou uma política da oposição, que havia feito o pedido de informação judicialmente.

    Contrariado com o pedido de informações, Kicillof acusou a deputada Victoria Donda, que integra a frente opositora Progressistas, de fazer o pedido à Justiça para aparecer na imprensa e que ela deveria "vestir-se de plumas".

    Poucas horas depois, Donda respondeu e acusou Kicillof de machismo. Ela afirmou que o denunciaria por discriminação de gênero.

    Stan Honda/AFP
    O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, candidato a deputado nas eleições deste ano
    O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, candidato a deputado nas eleições deste ano

    Os últimos dados oficiais sobre a pobreza na Argentina são de 2013 e informam que o problema atingiria menos de 5% da população. Depois disso, o governo interrompeu a pesquisa.

    Estatísticas privadas, como as do Observatório da Dívida Social, produzido pela Universidade Católica, avaliam que a pobreza atinge 28,7% dos argentinos e que a situação piorou depois de 2011, com a alta da inflação.

    "O ministro reproduz uma conduta machista e violenta, que mata uma mulher a cada 30 horas na Argentina", disse a deputada Donda, em entrevista ao jornal "Clarín".

    Kicillof é funcionário da presidente Cristina Kirchner, que em seus discursos defende repetidamente a igualdade de gênero. Na véspera, a presidente repreendeu em cadeia nacional um jornalista que teria agredido uma assessora do Ministério da Economia.

    "Esqueçam que é uma funcionária, é uma mulher", criticou Cristina.

    No fim da tarde, por meio de sua conta numa rede social, Kicillof tentou explicar-se.

    Disse que não se tratava de uma crítica machista. Sem se desculpar com a deputada, informou apenas que não teve intenção de ofender às mulheres.

    "Usei uma expressão de uso cotidiano, que faz referência a chamar atenção, muito além do gênero", afirmou. "Até me atreveria a dizer que pensar que plumas são matéria exclusiva de mulheres é uma concepção retrógrada."

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