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    Janela de restaurante tremeu como papel, diz turista brasileiro no Chile

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    17/09/2015 13h10

    A janela do restaurante Applebee's tremeu como papel. Na descida pelas escadas do shopping Costanera Center, poeira e pedaços de concreto caíram do teto. Horas depois, no hotel Plaza El Bosque Nueva Las Condes, o balanço da água e do abajur denunciavam mais um tremor.

    Todos esses detalhes foram notados na série de tremores que sentiram o administrador brasileiro Leonardo Vieira, 36, sua mulher e seu filho de sete meses nas férias em Santiago, no Chile. O tremor de magnitude 8,3 deixou mais de 12 mortos e levou à retirada de 1 milhão de pessoas.

    Editoria de arte/Folhapress

    O administrador estava jantando quando sentiu o primeiro tremor. "A gente ficou com a impressão de que era o metrô, alguma coisa assim. Quando nós vimos uma ou duas pessoas correndo, a gente se assustou. A minha mulher viu a janela tremendo feito papel. Nesta hora, eu já liguei as coisas e pensei: é um terremoto", afirmou ele.

    O brasileiro desceu cinco andares do shopping com o bebê num braço e o carrinho no outro. Segundo ele, o deslocamento pela escada de emergência "foi desesperador".

    "Vi poeira descendo e pedacinhos de concreto caindo no chão enquanto descia com meu filho no colo e o carrinho no outro braço. Minha esposa quase caiu no primeiro andar, mas a gente conseguiu descer. Quando a gente conseguiu sair do shopping, as pessoas estavam tranquilas do lado de fora. Uma organização muito grande, todo mundo sabia o que fazer", contou.

    Apesar da sequência de sustos, ele conta que foi tranquilizado em todo momento pelos locais.

    "O que me impressionou foi que a população estava muito tranquila, não houve correria, as pessoas desceram tranquilamente [do shopping]. Uma pessoa ou outra se desesperou, mas o povo que é local mesmo estava muito tranquilo. Deu pra ver que eles estavam acostumados, mesmo sendo um terremoto bastante forte", disse Vieira.

    RÉPLICAS

    No metrô a caminho do hotel, a cerca de cinco quilômetros, a família voltou a sentir novo tremor.

    "Assim que entramos no vagão, achamos estranho porque ele ficou parado e não saiu. Logo depois nós entendemos por quê. O vagão começou a tremer e sentimos o segundo grande terremoto. Algumas pessoas que pareciam turistas ficaram desesperadas. Já os chilenos nos acalmaram e disseram: 'Não saiam do vagão porque é mais seguro ficar aqui'. Logo depois o maquinista da composição falou a mesma coisa", contou ele.

    No hotel, muitos brasileiros estavam assustados no saguão, contou o administrador. Mas a equipe do local afirmou que era seguro subir para os quartos. Hospedado no nono andar, Vieira voltou a sentir um tremor por volta das 1h desta quinta-feira (17).

    "Uma das cenas mais desesperadoras que eu vi foi a água balançando na minha frente e o abajur de chão tremendo. Tudo balançando, as paredes estalando. A sensação é que você realmente é muito pequeno e de que não vai conseguir escapar disso."

    A família já havia preparado um "kit de emergência", com roupas para o bebê e passaporte do casal. Os três desceram os nove andares, mais uma vez pela escada, até o saguão. Ficaram no local por cerca de uma hora, quando foram tranquilizados pela equipe chilena do hotel, que disse ser seguro permanecer no quarto.

    "Quando subimos e deitamos, sentimos alguns outros abalos. Cada vez menores, mas não menos assustadores", contou Vieira.

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