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    Negociações para a paz na Colômbia não podem fracassar, diz papa

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    20/09/2015 13h09

    Em missa campal no seu segundo dia em Havana, o papa Francisco pediu que não haja um novo fracasso nas negociações de paz entre o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

    Depois de ser ouvido por milhares de pessoas na praça da Revolução na manhã deste domingo (20), o pontífice se reuniu por 40 minutos com o ex-ditador Fidel Castro.

    Francisco agradeceu na cerimônia ao ditador Raúl Castro pela mediação do conflito colombiano, que ocorre há três anos em Cuba. Às partes envolvidas, ele pediu o fim da "longa noite de dor e violência" de 50 anos de guerra.

    "Por favor, não temos o direito de nos permitir mais um fracasso neste caminho da paz e da reconciliação. Que o sangue vertido por milhares de inocentes durante tantas décadas de conflito armado sustente todos os esforços que estão sendo feitos."

    A menção de Francisco às negociações de paz acontece depois que o Vaticano descartou no sábado (19) um encontro em Cuba entre o papa e os negociadores da guerrilha.

    O grupo havia expressado o desejo de ter o pontífice na mediação do diálogo com o presidente Juan Manuel Santos. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse, porém, que o papa "está muito atento" às negociações.

    As Farc cogitaram a possibilidade depois que Francisco mediou a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, anunciada em dezembro de 2014.

    Abordada por Francisco quando chegou à ilha no sábado, o diálogo entre americanos e cubanos ficou de fora da homilia deste domingo.

    Embora não tenha mencionado de forma direta a situação política de Cuba, ele fez uma crítica sutil à ditadura dos irmãos Castro ao pedir aos cubanos que "sirvam às pessoas, não a ideias".

    "Quem quiser ser grande deve servir aos demais, não estar a serviço de outros. A servidão nunca é ideológica, logo não devemos servir a ideias, mas às pessoas."

    FIDEL

    Depois da missa, o líder cubano Fidel Castro recebeu Francisco em sua casa em Havana. Além dos dois, a reunião de 40 minutos foi acompanhada pela mulher do ex-ditador, Dalia, filhos e netos.

    No encontro, os dois abordaram temas como a preservação do meio ambiente. Os dois trocaram livros sobre religião de presente. O cubano presenteou o papa com "Fidel e a religião", do teólogo brasileiro Frei Betto.

    Editoria de Arte/Folhapress
    PAPA VIAJA A CUBA E AOS EUAFrancisco mediou retomada das relações entre países

    Já o pontífice deu a Fidel cópias da encíclica Laudato Si, sobre meio ambiente, e da exortação Evangeli Gaudium, e uma coletânea de discursos do padre espanhol Armando Llorente, que foi professor e mentor de Fidel no colégio.

    Antes do início da missa, policiais prenderam três dissidentes do grupo União Patriótica de Cuba que gritaram frases contra o regime quando o papamóvel chegava à praça da Revolução.

    O protesto mostrou uma falha no esquema para evitar o contato de Francisco com os opositores. Segundo a líder das Damas de Branco, Berta Soler, ela e mais de 30 dissidentes foram presos e soltos horas depois diversas vezes desde sexta-feira (18).

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