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    Eleição confirma retorno do Syriza, de esquerda, ao poder na Grécia

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    20/09/2015 17h21 Erramos: o texto foi alterado

    Um mês depois de renunciar ao cargo de premiê, Alexis Tsipras, 41, está de volta ao poder na Grécia. Seu partido de esquerda, Syriza, venceu a eleição deste domingo (20) para conduzir as medidas de austeridade negociadas pelo próprio Tsipras com os credores internacionais em troca do socorro de € 86 bilhões.

    Com 35,5% dos votos, o Syriza bateu o conservador Nova Democracia, que obteve 28% e disputou com o líder Vangelis Meimarakis, 51. Tsipras celebrou com o discurso de que, agora, terá força política para governar por quatro anos após sete meses de um governo instável.

    "O povo grego nos deu um mandato para dar fim a esse sistema corrupto e continuar o trabalho que começamos em janeiro", disse aos eleitores em Atenas.

    O resultado representa o seu retorno, mas não alivia a crise econômica da Grécia, e indica uma desilusão dos gregos na escolha dos governantes: a taxa de comparecimento às urnas ficou em 56,6%, abaixo dos 63,6% da eleição de janeiro.

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    A campanha de quatro semanas não atraiu interesse da população diante da opção entre dois partidos que sucumbiram às exigências externas de rigidez fiscal.

    Essa eleição, a quinta em seis anos, transformou-se apenas na escolha de quem vai implementar cortes em uma economia fragilizada, com taxa de desemprego de 25%, dívida pública de 177% do PIB, sem perspectivas de recuperação no curto prazo.

    O resultado foi celebrado por lideranças europeias, preocupadas, na verdade, com o cumprimento por parte do governo grego das medidas acertadas em julho.

    O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, parabenizou Tsipras, mas destacou a necessidade de um "governo sólido" —mesmo tom adotado pelo presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem.

    Eleito em janeiro numa votação inédita, Tsipras convocou novas eleições após a perda de apoio de quase um terço dos deputados do seu partido insatisfeitos com a negociação do novo resgate. Esse grupo fundou uma nova legenda, Unidade Popular, que fracassou nas urnas.

    A aposta de Tsipras era recuperar cadeiras para o Syriza e retornar com maioria consolidada no Parlamento para conduzir o ajuste fiscal. Com a oposição incapaz de convencer de que era melhor opção, o plano deu certo.

    O Syriza deve ter 145 das 300 cadeiras do Parlamento —pelas regras, 250 são distribuídas de acordo com a votação e as demais 50 são entregues como um "extra" ao partido que ficar em primeiro lugar no placar geral. O Nova Democracia ficaria com 75, segundo a apuração de quase 94% das urnas até a conclusão desta edição.

    Os Gregos Independentes, legenda de direita que se aliou a Tsipras em janeiro, obteve dez cadeiras e anunciou que continua na coalizão. O Syriza discute ainda se aliar a outras legendas menores. Tsipras assumiu em janeiro sob o discurso contrário às medidas de austeridade adotadas desde 2010, quando a Grécia quase veio à falência.

    Ele, porém, não conseguiu enfrentar os credores nem implantar programas. Deu calote no FMI, impôs controle de capital à população e realizou plebiscito às pressas em que 61% dos gregos votaram contra a negociação. No fim, aceitou o resgate em troca de compromissos tributários e previdenciários.

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