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    Candidato governista argentino aposta em apoio de líderes latinos, como Lula

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES
    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

    21/09/2015 02h00

    A um mês das eleições presidenciais, o candidato do governo e favorito nas pesquisas, Daniel Scioli, tem recebido apoio de líderes latino-americanos de forte vínculo com Cristina Kirchner.

    Apesar de não ser um homem de esquerda e de pertencer a uma vertente mais à direita do peronismo, Scioli busca atenuar diferenças para conquistar o eleitorado à esquerda e kirchnerista.

    Raúl Ferrari/Xinhua
    O candidato governista argentino Daniel Scioli saúda o ex-presidente Lula em evento em Buenos Aires
    O candidato governista argentino Daniel Scioli saúda o ex-presidente Lula em evento em Buenos Aires

    Na campanha, ele visitou Raúl Castro em Cuba e recebeu a visita do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do atual mandatário boliviano, Evo Morales. Deve ainda se encontrar com o uruguaio Tabaré Vázquez.

    Scioli, que lidera as pesquisas com cerca de 38%, precisa chegar aos 40% e manter uma diferença de dez pontos sobre o segundo colocado, Mauricio Macri, ou apenas alcançar 45% para sagrar-se vencedor em 25 de outubro.

    "Lula é querido pelos setores sindicais e pelos peronistas, já Evo rende uma boa imagem com os setores de esquerda, que o identificam como um representante do arco bolivariano", diz o analista político Jorge Castro.

    "Lula não soma votos. Mas ao vê-lo com Scioli, as pessoas enxergam o candidato argentino como alguém preparado para manejar o governo", opina o analista Rosendo Fraga.

    Com Evo, a expectativa é também mais objetiva. Votam na Argentina hoje mais de 1,5 milhão de bolivianos.

    Martin Zabala/Xinhua
    Daniel Scioli joga futebol com o presidente boliviano, Evo Morales, em sua estância em Benavides
    Daniel Scioli joga futebol com o presidente boliviano, Evo Morales, em sua estância em Benavides

    Para consolidar a estratégia de campanha, o mesmo homem que durante os anos Menem (1989-99) defendeu privatizações e uma política neoliberal sorria, na última quinta-feira (17), ao lado de Evo Morales enquanto o boliviano o chamava de "irmão revolucionário da Pátria Grande" e o convidava para ir a Cuba festejar o próximo aniversário de Fidel Castro.

    Com faixas que diziam "América Latina unida" e "bem-vindo Evo", os militantes dos grupos kirchneristas La Cámpora e Kolina misturaram-se aos partidários de Morales ao acompanhar seu encontro com Scioli em La Plata e na partida de futebol que disputaram na residência do argentino.

    "Pode parecer contraditório que Scioli se mostre mais à esquerda, agora. Mas não é. Ele sempre foi um peronista clássico. E os peronistas clássicos são pragmáticos", diz Juan Tokatlian, da universidade Torcuato Di Tella.

    LULA

    Poucos dias antes, num distrito pobre da periferia de Buenos Aires, Lula foi recebido pelos bumbos e fumaça de choripán [churrasco de linguiça] típicos dos comícios peronistas. O brasileiro foi aplaudido quando recordou os anos da aliança Lula-Kirchner-Chávez-Evo-Correa.

    A união dos governos da esquerda da América do Sul contra o "inimigo do Norte" é ainda hoje uma vitrine potente na política da Argentina, onde subsiste um forte sentimento antiamericano.

    "A deterioração econômica após a crise de 2001 fez com que o argentino se visse mais latino-americano. E também mais anti-imperialista, anti-EUA, país que é visto como culpado de nossos anos difíceis", diz Tokatlian.

    ECONOMIA

    Analistas ouvidos pela Folha, porém, dizem que serão as necessidades a ser enfrentadas caso chegue à Presidência que definirão a política exterior de Scioli.

    Castro acredita que o candidato se voltará aos países com crescimento mais robusto, na busca por investimentos externos de EUA, Rússia e China. Trata-se de estratégia fundamental para recuperar a economia argentina e afastar o risco de recessão.

    Para Fraga, um indício desse jogo de duas faces é que, entre a visita de Lula e Morales, Scioli reuniu-se com o embaixador americano Noah Mamet para "mostrar uma atitude mais independente [de Cristina]".

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