De olho num mercado de 78 milhões de pessoas que começa a ser reaberto após anos de bloqueio, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se nesta sexta (25) com o presidente do Irã, Hasan Rowhani, em Nova York. Os dois estão na cidade para a reunião anual da Assembleia-Geral da ONU.

Foi o primeiro encontro bilateral da presidente em Nova York e, segundo diplomatas brasileiros, refletiu o forte interesse do Brasil em aproveitar as oportunidades econômicas que surgem a partir do fim do isolamento internacional do Irã. O acordo concluído em julho entre o país e seis potências impõe limites ao programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções à República Islâmica.

Após o encontro, Dilma disse que ficou acertado que ela fará uma visita ao Irã e que Rowhani irá ao Brasil. Antes disso, afirmou a presidente, o ministro Armando Monteiro, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, será enviado ao Irã para organizar um encontro entre empresários dos dois países.

"Vamos fazer um esforço grande para retomar o padrão [de comércio] que tínhamos antes do bloqueio", disse a presidente a jornalistas após o encontro. As exportações do Brasil caíram de US$ 2,3 bilhões em 2011 para US$ 1,4 bilhão no ano passado.

Segundo Dilma, os iranianos "demonstraram interesse em investimentos do Brasil no Irã e se dispõem também a fazer investimentos no Brasil, trocas comerciais em todas as áreas".

Os contatos para a retomada do fluxo comercial começaram no mês passado, quando o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, esteve em Teerã. Desde a conclusão do acordo nuclear, vários países enviaram missões econômicas ao Irã, com vistas a aproveitar as oportunidades da era pós-sanções.

Segundo Dilma, o acordo nuclear não foi assunto da conversa que teve com Rowhani nesta sexta.

DISCURSO

Pela manhã, Dilma assistiu ao discurso do papa Francisco, que defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, o que surpreendeu positivamente Dilma antes da abertura da agenda de desenvolvimento sustentável das organizações.

Durante a tarde, a presidente se reuniu com ministros e assessores para fechar os detalhes de seus discursos e das metas do Brasil para a redução de emissões de gases do efeito estufa, o INDC.

Além disso, concedeu uma entrevista exclusiva para a rede de TV CNN.

	Andrew Kelly/Reuters
	Ao lado do chanceler Mauro Vieira (esq.), Dilma assiste a discurso do papa na sede da ONU, em NY