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    Dilma usa economia para justificar emissões de gases estufa

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    27/09/2015 15h11

    A presidente Dilma Rousseff admitiu neste domingo (27) que o país vai cortar menos emissões de gases estufa do que tem cortado até agora. Ela afirmou que esse movimento é necessário para manter o crescimento econômico.

    Em entrevista após o anúncio das metas climáticas, na ONU, Dilma afirmou que o país manterá o "horizonte" de redução das emissões, mas que "seria um esforço inaudito" manter o ritmo.

    As emissões brasileiras de gases de efeito estufa caíram 41% entre 2005 e 2012 devido à redução do desmatamento, fazendo com que o país cumprisse a meta assumida na Cop-15 (conferência da ONU em Copenhague), em 2009. Na ocasião, o Brasil prometeu reduzir de 36% a 39% as emissões entre 2020 a 2025.

    Neste domingo, Dilma disse que manteria o "horizonte", mas a um ritmo menor. "O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) alimenta o crescimento de emissões", justificou. A projeção do Banco Central é que a economia do país se retraia em 2,7% neste ano.

    MERCADO DE CARBONO

    A presidente afirmou que o governo tem interesse no mercado de carbono, conceito em que se estipula um limite de emissões totais e as partes podem vender cotas excedentes.

    Mas, para ela, a pequena participação do carvão na matriz energética brasileira faz com que o país seja mais um vendedor de cotas do que comprador.

    Nesta semana, a China se comprometeu a implementar um mercado de carbono até 2017 como forma de reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa.

    A presidente elogiou a iniciativa, anunciada pelo presidente Xi Jinping ao lado do americano Barack Obama, em Washington. "O país deu e dá uma grande contribuição ao mundo", afirmou.

    A presidente defendeu que países desenvolvidos se comprometam com metas maiores. "O Brasil e a China entramos, ambos, depois no processo de industrialização. O que acumulamos de emissão é menor do que qualquer país desenvolvido, por isso a Conferência de Kyoto criou o conceito de responsabilidade comum, porém diferenciada", disse.

    USINAS

    A presidente disse que a energia hidrelétrica é a melhor para garantir o aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética, a despeito de questionamentos ambientais e sobre populações indígenas afetadas.

    "Não estamos querendo ir para a Amazônia e colocar uma usina de carvão no meio da selva", argumentou. O país "não pode abrir mão" de hidrelétricas enquanto a tecnologia de estocagem de energia solar e eólica não se desenvolverem, disse.

    Dilma afirmou que "a energia hidrelétrica, até agora, é a mais barata em termos do que ela dura, da sua manutenção e também pelo fato de a água ser gratuita e de a gente poder estocar".

    "Um país do tamanho do Brasil não consegue se manter se não tiver energia de base, que, até hoje, são aquelas fósseis e físseis [nuclear]", como o gás, o carvão e o diesel, afirmou. A hidrelétrica, comparou, é mais "amigável" ao ambiente.

    Dilma afirmou países que criticam o Brasil pelo uso de hidrelétricas exploraram em "85% a 90% de seu potencial hídrico e não abriram mão dele, porque é competitivo".

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