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    Na ONU, Obama defende diplomacia e confronta rivais Rússia e China

    MARCELO NINIO
    MARINA DIAS
    ENVIADOS ESPECIAL A NOVA YORK
    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    28/09/2015 12h21

    O presidente americano, Barack Obama, disse nesta segunda (28) na ONU (Organização das Nações Unidas) que os EUA manterão a pressão militar sobre a facção radical Estado Islâmico (EI), condenou a Rússia por seu apoio à ditadura síria e questionou as atividades militares da China na Ásia.

    Apesar das críticas à Rússia, Obama disse que aceitaria atuar junto a Rússia e Irã parta conter a guerra civil na Síria. O mandatário também disse que o término do conflito sírio depende da deposição do ditador Bashar al-Assad, quem chamou de "tirano".

    Obama foi o segundo chefe de Estado a discursar na abertura da 70ª Assembleia-Geral da ONU, logo após a presidente Dilma Rousseff. O pronunciamento do líder americano ocorre após vitórias diplomáticas como o acordo nuclear com o Irã e a reaproximação com Cuba.

    Apesar de exaltar as conquistas da ONU em suas sete décadas de existência, Obama advertiu para o risco de um retrocesso nas relações internacionais, caso fracasse a cooperação por meio dos órgãos multilaterais.

    "Esse progresso é real", disse Obama, mas "correntes perigosas arriscam puxar-nos de volta a um mundo mais sombrio e desordenado".

    O presidente americano não evitou o tom de confronto com potências rivais, começando com um recado indireto ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu apoio a Assad. Sem buscar consenso multilateral, "algumas grandes potências se afirmam de formas que contravém a lei internacional", disse Obama. "Nos dizem que essa simplificação é necessária para combater a desordem, que é a única forma de erradicar o terrorismo. Segundo essa lógica, deveríamos apoiar tiranos como Bashar al-Assad, que jogam bombas em crianças inocentes porque a alternativa é certamente pior". A "alternativa" implícita na frase é o EI, que atua na Síria.

    Discursando depois de Obama, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que é um erro negar ajuda a Assad no combate ao EI. O suporte militar russo ao regime de Assad é fortemente criticado pelo governo americano.

    Obama tem encontro marcado para o fim da tarde desta segunda-feira com Putin para discutir a guerra civil na Síria. Será o primeiro encontro entre os líderes nos últimos dois anos, desde que as relações entre os países se deterioraram devido à anexação da Crimeia pela Rússia.

    Obama também abordou em seu discurso tensões geopolíticas com a China, outra potência rival. A postura assertiva de Pequim no mar do Sul da China e suas amplas reivindicações territoriais são motivo de preocupação para Washington.

    "Os EUA não têm reivindicações territoriais ali", disse o presidente americano. "Mas assim como todos os países aqui reunidos, temos um interesse em preservar os princípios básicos da liberdade de navegação e livre fluxo comercial."

    Embora seu discurso tenha centrado na defesa da diplomacia e do multilateralismo, incluindo um "mea culpa" pela invasão americana do Iraque, Obama reiterou que a pressão militar sobre o EI continuará. Os EUA lideram uma campanha de ataques aéreos contra posições da facção. Outras ações militares, quando necessárias, serão tomadas, afirmou o presidente.

    "Lidero o Exército mais forte que o mundo já conheceu e nunca vou hesitar em proteger meu país e nossos aliados unilateralmente e por meio da força, se necessário", disse Obama.

    Obama destacou a reconciliação entre EUA e Cuba como exemplo de que uma era de entendimento no lugar de conflitos é possível.

    "Por 50 anos, os EUA mantiveram uma política sobre Cuba que fracassou em melhorar a vida dos cubanos. Isso mudou", afirmou, sob aplausos da Assembleia-Geral. "Continuamos tendo diferenças com o governo cubano e continuaremos a defender os direitos humanos, mas faremos isso por meio da diplomacia e do crescimento do comércio."

    Também está na agenda de Obama para esta terça-feira um encontro com o ditador cubano, Raúl Castro. Será a segunda reunião entre os líderes desde que EUA e Cuba anunciaram seu processo de reaproximação diplomática, em dezembro. Os líderes se encontraram pela primeira vez em abril, durante a Cúpula das Américas, no Panamá.

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