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    Candidato dissidente do kirchnerismo diz que cenário brasileiro preocupa

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    28/09/2015 21h26

    O presidenciável argentino Sergio Massa, 43, diz estar observando com atenção a crise política no Brasil. Ele não arrisca prever qual será o futuro de Dilma Rousseff, mas demonstra preocupação com o efeito da turbulência no vizinho sobre os investimentos brasileiros na Argentina.

    "Há investimentos que de certa maneira estão atados ao resultado do processo político no Brasil. Como será o desenvolvimento da política de empréstimos do BNDES se colocam em questionamento o sistema de crédito? Como isso afetará o financiamento de obras públicas e de investimentos privados na Argentina, como os de grupos frigoríficos?", questiona o candidato.

    David Fernández/Efe
    Sergio Massa, candidato à Presidência argentina, durante coletiva com jornalistas estrangeiros
    Sergio Massa, candidato à Presidência argentina, durante coletiva com jornalistas estrangeiros

    Nesta segunda (28), em encontro com mais de 40 jornalistas de meios estrangeiros, ele disse que a relação com o Mercosul e com o Brasil, em particular, é primordial, mas não exclui a ideia de que a Argentina busque novos mercados e investidores externos.

    "O primeiro bloco, por complementaridade, tradição e estratégia político-comercial que a Argentina deve se aproximar para construir as demais relações [globais] é o Mercosul", disse. "Mas isso não pode impedir a Argentina tenha uma estratégia multilateral, com distintos países no intuito de buscar outros mercados e desenvolvimento de ciência e tecnologia".

    Em terceiro na corrida eleitoral, Massa está convencido de que é o único candidato capaz de derrotar o kirchnerismo nesta eleição.

    Pesquisa do Instituto Ipsos/Mora y Araújo, divulgada na última semana, indica que ele poderia vencer o candidato da situação, Daniel Scioli, em um eventual segundo turno. Mas antes ele precisa subir dos atuais 19% e superar Mauricio Macri (PRO) na primeira votação, em 25 de outubro.

    "Se querem terminar com o ciclo kirchnerista, as pessoas devem nos acompanhar no primeiro turno, não no segundo", diz.

    Massa tem crescido na esteira de um forte discurso em defesa da segurança, de prisão perpétua para traficantes de drogas e atuação das forças armadas em áreas perigosas. Entre suas propostas para economia, está a de fazer correções sem a necessidade de ajuste.

    "Se a Argentina cresce 5% ao ano e ordena suas contas, o famoso ajuste vai se produzindo pelo crescimento da economia e não pelo sacrifício da classe média, com o corte dos subsídios, nem das classes baixas, com a decisão de desvalorizar a moeda [o que acelera a inflação]".

    ABUTRES

    Para tanto, pretende atrair investidores externos e voltar ao mercado de crédito internacional, usando como atalho organismos multilaterais de crédito como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Massa afirma que, caso chegue a ser eleito, não deverá negociar imediatamente com os chamados fundos abutres —credores externos que não aceitaram a renegociação da dívida argentina após o calote de 2001.

    "A Argentina tem que voltar aos mercados sem necessidade de cair na armadilha do se resolve ou não os litígios [com os credores]. Tem que fazer uma oferta aos credores depois de voltar aos mercados, não antes. Porque se não vamos cair na armadilha da extorsão", afirmou.

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