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    Rússia aparentemente atacou oposição síria, diz secretário de Defesa dos EUA

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    30/09/2015 16h48

    Saul Loeb/AFP
    O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, concede entrevista coletiva em Washington
    O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, concede entrevista coletiva em Washington

    O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, disse nesta quarta-feira (30) que os bombardeios realizados pela Rússia´ na Síria aparentemente atingiram áreas não dominadas pelo Estado Islâmico (EI).

    Em entrevista coletiva, o secretário chamou de "inapropriada" a forma como a Rússia avisou aos americanos sobre o ataque. O Kremlin disse ter alertado à embaixada dos EUA em Moscou uma hora antes do bombardeio.

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    "Quero ser cuidadoso sem confirmar informação, mas parece que se trata de regiões onde provavelmente não há forças do Estado Islâmico e este é um dos problemas com esta estratégia", disse.

    O governo americano afirma que os russos pediram para esvaziar o ataque aéreo. Carter afirma ter esperado um contato entre os chefes militares dos dois países antes que fosse realizado o ataque.

    Para Carter, os russos se contradizem entre tentar combater a facção radical islâmica e dar apoio ao ditador Bashar al-Assad. Ele criticou o governo de Vladimir Putin por respaldar um regime que, em sua opinião, está em queda.

    "Por apoiar Assad e enfrentar os que estão lutando contra ele, vocês atacam o resto da Síria. Pelo menos algumas partes da oposição acreditam em uma transição política. É por isso que a estratégia russa é fadada ao fracasso."

    Mais cedo, o secretário de Estado, John Kerry, disse que os EUA têm a intenção de dialogar com a Rússia. "Se as recentes ações da Rússia representam um compromisso para derrotar a organização, que sejam bem-vindas."

    Os Estados Unidos e a União Europeia tentam articular uma transição política com os adversários de Assad desde 2012, primeiro ano da guerra civil. Na mesma época, começaram a dar apoio a grupos rebeldes moderados.

    As duas iniciativas, porém, não foram capazes de derrubar Assad. As divisões internas da oposição e o recrutamento de combatentes pelo Estado Islâmico minaram os moderados, que acabaram perdendo o apoio dos ocidentais.

    INCERTEZA

    Os EUA ainda não confirmaram os alvos atingidos. O Ministério da Defesa russo afirma ter bombardeado oito locais dominados pela milícia radical, incluindo centros de comando e depósitos de armas, munição e combustível.

    Citando um integrante do regime sírio, a agência de notícias Associated Press informou que os ataques foram nos vilarejos de Rastan e Talbisah, na província de Homs, e Salamiyah, na província de Hama.

    Rússia ataca Síria

    Pelo mapa divulgado pela Instituto para Estudos da Guerra, as duas primeiras cidades são dominadas por rebeldes moderados e a terceira, em disputa entre os moderados, o EI e a milícia Jabhat al-Nusra, vinculada à Al Qaeda.

    O MAPA DA GUERRA NA SÍRIA País vive conflito interno há mais de quatro anos

    O ataque às três cidades também é informado por testemunhas e ativistas contrários ao regime do ditador Bashar al-Assad. As informações não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições na Síria.

    O líder do grupo opositor no exterior Coalizão Nacional Síria, Khaled Khoja, acusou a Rússia de matar 36 pessoas nos bombardeios. Dentre os mortos, estaria um líder militar moderado.

    Em discurso no Conselho de Segurança da ONU, o chanceler sírio, Walid al-Mouallem, deu seu apoio aos ataques da Rússia e criticou os países ocidentais por realizarem ações sem avisarem a Damasco.

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