• Mundo

    Saturday, 04-May-2024 19:39:30 -03

    'Solução para a Síria não é uma guerra nos céus', afirma brasileiro da ONU

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    02/10/2015 02h00

    Diante da escalada militar do conflito sírio, com o início dos ataques aéreos pela Rússia, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU que investiga crimes contra direitos humanos no país, afirma: "A solução para a Síria não é uma guerra nos céus".

    Pinheiro acompanha, em relatórios publicados desde 2011, a evolução das violações contra os direitos humanos no conflito sírio. Para ele, a principal preocupação das potências deve ser "recuperar a capacidade da negociação diplomática" para dar um fim à guerra no país, que já deixou mais de 200 mil mortos.

    O presidente da comissão diz que o "envolvimento de diversas potências no conflito não é nenhuma novidade".

    "O fato de uma das partes [Rússia] estar tendo um certo 'upgrade' não muda a equação do problema. Não é através da escalada militar que vai se resolver o conflito na Síria", afirmou à Folha.

    Na última semana, Pinheiro e outros membros da comissão chegaram a celebrar o anúncio de que EUA e Rússia conversariam para tentar uma ação convergente na Síria.

    Washington lidera a coalizão que faz ataques aéreos contra focos do Estado Islâmico na Síria e no Iraque há um ano. Moscou iniciou nesta semana bombardeios contra o EI, mas também contra outras facções que se opõem ao regime de Bashar al-Assad.

    Apesar de defender que não há uma solução militar para o conflito sírio, o brasileiro reconhece que é "importante que a extensão da presença do EI seja contida".

    "Mas, mesmo que haja uma ação coordenada em relação ao Estado Islâmico, é necessário que haja uma negociação entre todas as partes envolvidas", acrescenta.

    Pinheiro não detalha quais deveriam ser os interlocutores num eventual diálogo para solucionar a guerra civil, mas esclarece que "ninguém está propondo negociar com o EI".

    Sobre o regime de Assad, ele afirma que a posição da comissão é que a negociação deve ser "inclusiva".

    Editoria de Arte/Folhapress

    "A referência continua sendo o memorando de Genebra [2014], e não há nada nele que fale efetivamente em incluir ou excluir o governo sírio das negociações", diz Pinheiro.

    Ele destaca ainda que alguns países, inclusive membros permanentes do Conselho de Segurança, "já estão mudando sua posição" sobre negociar com Damasco.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024