O total de mortes no deslizamento de terra em Santa Catarina Pinula, a 15 km da Cidade da Guatemala, subiu para, pelo menos, 56 na tarde deste sábado (3).

O deslizamento aconteceu na noite de quinta-feira (1º), depois que fortes chuvas fizeram pedras e lama caírem sobre 125 casas no bairro de El Cambray.

	Johan Ordonez/AFP
	Bombeiros carregam corpo resgatado de sob os destroços em Santa Catarina Pinula, na Guatemala

Segundo Júlio Sánchez, porta-voz dos bombeiros voluntários da Guatemala, o número de mortos poderia continuar a subir já que as equipes de resgate ainda procuravam, na tarde de sábado, por 350 desaparecidos.

"Ainda temos esperança de encontrar sobreviventes e seguiremos procurando", disse o coordenador dos serviços de emergência, Sergio Cabanas.

No local do deslizamento, equipes com cães trabalharam sem descanso durante todo o sábado.

Cabanas disse ter sido contactado por muitas pessoas que diziam ter recebido mensagens de celular de familiares que estariam presos sob os escombros. Ele disse que as autoridades pediram às companhias de telefonia o mapeamento de onde as mensagens teriam sido enviadas para ajudar nas buscas.

Os corpos resgatados foram levados a um necrotério improvisado, onde os familiares tentavam identificá-los.

Muitos moradores deixaram as casas que não foram atingidas em El Cambray, que fica às margens de um pequeno rio, temendo novos deslizamentos.

DESABAMENTO

A encosta de uma colina ao lado de El Cambray desabou parcialmente de cerca de 90 metros de altura e os escombros avançaram cerca de 60 metros aldeia adentro no início da madrugada de sexta (2), segundo testemunhas.

Os moradores do bairro relataram ter ouvido um estrondo muito forte, seguido de um tremor de terra. Em seguida, as casa ficaram sem luz. Na escuridão, só era possível ver a luz de faíscas provocadas pelo rompimento dos fios da rede elétrica.

Maria Guitz, 37, moradora de El Cambray, encontrou sua casa enterrada, onde deveria estar seu filho, Dany, 17.

"Meu marido está lá agora, cavando o solo para achar nosso filho", disse Guitz na noite de sexta-feira à Reuters.

Um dos sobreviventes, Rony Pu, cuja idade não foi informada, foi resgatado após permanecer cinco horas debaixo da terra. Ele aparentemente ficou preso em uma bolha de ar, com o rosto para baixo e incapaz de se mover.

"Quando nosso pessoal estava procurando nos destroços, eles ouviram uma voz", disse Cecilio Chacaj, que participa das buscas. "Eles localizaram o homem, que estava enterrado cerca de dois metros abaixo do entulho."