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    Papa pede a bispos que deixem preconceitos de lado em sínodo

    DE SÃO PAULO

    05/10/2015 13h53

    O papa Francisco pediu aos bispos de todo o mundo que se reúnem em Roma para que coloquem seus preconceitos de lado em discussões sobre família e tenham a coragem e a humildade para serem guiados pelas "surpresas" de Deus.

    O discurso do pontífice foi feito no início dos trabalhos do sínodo sobre a família convocado por Francisco, do qual participam 253 bispos, entre outros religiosos e seguidores do catolicismo.

    Francisco afirmou que o sínodo não é um parlamento, onde negociações, barganhas e consensos ocorrem, mas um espaço sagrado no qual Deus mostra o caminho para o bem da igreja. Ele pediu aos bispos que esvaziem-se de "suas próprias crenças e preconceitos para ouvir a seus irmãos bispos e preencher a si mesmos com Deus".

    AFP
    In this handout picture released by the Vatican press office, Pope Francis (C) attends the Synod on the family on October 5, 2015, as cardinals and bishops gather in the Synod Aula, at the St Peter's basilica in Vatican. Pope Francis on October 4 defended marriage and heterosexual couples as he opened a synod on the family overshadowed by a challenge to Vatican orthodoxy by a gay priest. AFP PHOTO / OSSERVATORE ROMANO RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / OSSERVATORE ROMANO" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS ORG XMIT: 919
    Papa Francisco se reúne com participantes de sínodo na basílica de São Pedro, em Roma

    Num aceno aos reformistas, Francisco disse nesta segunda que a fé não é um "museu para se olhar e guardar", mas que deveria ser uma fonte de inspiração, pedindo ao sínodo que tenha "coragem para trazer vida [à fé] e não tornar a vida cristã um museu de memórias".

    No mesmo discurso, porém, no que parece ter sido uma manifestação de apoio a alas conservadoras do clero, pediu também que a audiência tivesse a coragem para "não se deixar intimidar pelas seduções do mundo".

    Os bispos debaterão sobre como a igreja pode acolher melhor as famílias católicas em um momento no qual as taxas de matrimônio estão caindo, o divórcio tem se tornado comum e uniões civis estão aumentando.

    Um dos principais pontos do debate deve ser em relação à acolhida de homossexuais —e casais homossexuais— pela Santa Sé.

    DESAPONTAMENTO

    Em uma entrevista coletiva após a primeira sessão, o cardeal de Paris, André Vingt-Trois, disse aos jornalistas que ficarão "decepcionados" se esperarem mudanças radicais na doutrina católica em questões centrais da família, como casamento.

    Sublinhando que o papa seria o árbitro último das decisões do sínodo, Vingt-Trois disse prever que as principais mudanças devem ser na abordagem pastoral aos temas mais delicados.

    Já o arcebispo italiano Bruno Forte, um dos secretários do encontro, afirmou que "a igreja não pode permanecer insensível aos desafios. O sínodo não se encontrou à toa".

    O encontro é uma sequência de um evento realizado no ano anterior em Roma marcado pela disparidade de opiniões no clero sobre a recepção de fiéis homossexuais no catolicismo.

    O início do sínodo presente foi marcado pela revelação de um padre polonês que se declarou gay, ao lado do namorado, e pediu mudanças de postura do Vaticano em relação à homossexualidade. A Santa Sé afastou imediatamente o padre Krzysztof Charamsa de suas atividades.

    Uma ala considerável de liberais dentro da igreja também pede a revisão do tratamento que a igreja dá a divorciados e católicos casados novamente em cerimônias civis.

    O dogma tradicional os considera pecadores e barra o acesso destes a sacramentos como a comunhão.

    Os bispos, que se reúnem a portas fechadas, vão submeter seus relatórios ao papa. Ele pode usar os documentos para redigir o seu próprio, conhecido como Exortação Apostólica, sobre a questão da família.

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