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    Brasil atrasa aluguéis de missão na ONU e consulado em Nova York

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    09/10/2015 16h50

    Andrés Cristaldo Benítez/Efe
    O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira; Itamaraty tem atrasado aluguéis nos EUA
    O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira; Itamaraty tem atrasado aluguéis nos EUA

    Uma situação que não é bem equacionada pelo governo federal há, pelo menos, duas décadas foi agravada nos últimos seis meses em meio à crise econômica.

    Com o corte de R$ 41 milhões no orçamento neste ano e a valorização do dólar, o Itamaraty tem atrasado em até três meses o pagamento de aluguéis da representação do país na ONU e do consulado em Nova York.

    O auxílio-moradia a servidores concursados tem demorado até quatro meses para ser desembolsado.

    O Itamaraty paga mensalmente US$ 76 mil (R$ 283 mil) para manter o escritório da missão brasileira nas Nações Unidas e US$ 127 mil (R$ 474 mil) para a sede do consulado.

    Com 90% dos gastos do Ministério das Relações Exteriores em dólar, a desvalorização do real agravou a situação da pasta, que não reajusta os valores de acordo com a variação cambial. No início do ano, o dólar estava na casa de R$ 2,70. Nesta sexta (9), está a R$ R$ 3,73.

    A crise é sentida pelos 261 funcionários lotados em postos nos EUA, que recebem, no total, US$ 730 mil (R$ 2,8 milhões) em auxílio-moradia. Com os altos preços pagos por moradia em Nova York, o benefício, em alguns casos, chega a responder por metade dos ganhos de servidores.

    Ambos os escritórios ficam no centro da cidade, área comercial de alto valor imobiliário e onde se localiza sedes diplomáticas do mundo inteiro. A embaixada na ONU está localizada no mesmo endereço desde 1972. O consulado, desde 2013.

    O Itamaraty, afirmou, em nota, que "tem envidado os esforços para garantir os recursos necessários para o pagamento de todas as despesas pendentes e tem procurado atender prioritariamente aos casos mais prementes".

    Divulgação/descubranewyork.com
    Consulado-geral do Brasil em Nova York, uma das representações que estão com aluguel atrasado
    Consulado-geral do Brasil em Nova York, uma das representações que estão com aluguel atrasado

    ALTERNATIVAS

    Nova York é uma das cidades mais caras do mundo. Na tentativa de minimizar os custos a longo prazo, diplomatas chegaram a olhar imóveis para servir de sede permanente da embaixada do Brasil na ONU, mas o governo desistiu da compra.

    A residência oficial do embaixador é um imóvel no Upper East Side adquirido pelo Estado brasileiro nos anos 1950. A residência do embaixador em Washington também é propriedade do país.

    Há dois anos, o então embaixador nas Nações Unidas Luiz Alberto Figueiredo visitou edifícios e o então ministro Antonio Patriota, que seria nomeado em seu lugar, também, mas Brasília interrompeu o processo.

    Se concretizada, a iniciativa seria compatível com a prática de outros Estados que compraram imóveis no período, como Croácia e Cingapura.

    CRISE CÍCLICA

    A crise orçamentária do Itamaraty não é nova. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, os alugueis da sede da missão junto à ONU e o do consulado também atrasavam, bem como o desembolso de benefícios.

    Em 1992, no governo Fernando Collor de Mello, as embaixadas acumulavam dívidas por falta de pagamento de aluguéis e contas de água, energia elétrica e telefone.

    No início deste ano, o primeiro do segundo mandato de Dilma Rousseff, diplomatas em diferentes representações do Brasil no exterior relataram falta de dinheiro para contas de energia e internet. A embaixada no Benin chegou a ter o fornecimento de energia cortado.

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