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    Análise

    Nobel da Paz ao papa esbarraria em posição sobre anticoncepcional

    REINALDO JOSÉ LOPES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    10/10/2015 02h00

    Ao menos duas iniciativas do papa Francisco nos últimos 12 meses já seriam suficientes para credenciá-lo como forte candidato ao Prêmio Nobel da Paz.

    Tanto o governo dos EUA quanto o de Cuba reconheceram que sua mediação foi crucial para fazer com que esses antigos inimigos reatassem relações diplomáticas.

    Tony Gentile/Reuters
    Papa Francisco beija um bebê entregue por fiel na chegada a praça de São Pedro, no Vaticano
    Papa Francisco beija um bebê entregue por fiel na chegada a praça de São Pedro, no Vaticano

    E a "Laudato Si'", encíclica ambiental de Francisco publicada neste ano, é vista como o mais importante chamado à ação contra as mudanças climáticas da década.

    O prêmio, porém, não veio. Um motivo plausível para isso seria a oposição da hierarquia católica aos métodos anticoncepcionais artificiais, posição defendida por Francisco apesar de sua reputação de flexibilidade em algumas questões doutrinais.

    Em 2001, por exemplo, um dos membros do comitê do Nobel da Paz, Gunnar Staalseth, bispo luterano de Oslo, declarou que nenhum papa receberia a láurea até que a Igreja Católica mudasse de posição sobre o tema.

    Acredita-se que o bispo também tenha sido um dos principais opositores à candidatura do papa João Paulo 2º, que poderia ter sido premiado por seu papel na resistência pacífica ao regime comunista polonês ou pela oposição à guerra no Iraque.

    O fato de Francisco reafirmar a doutrina tradicional católica sobre controle de natalidade atrapalhou até as reações majoritariamente positivas à "Laudato Si'".

    Na encíclica, Francisco condenou com veemência os padrões insustentáveis de consumo dos países ricos, mas disse não haver um elo direto entre o aumento da população e os problemas ambientais, posição que foi criticada em editorial da revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo.

    O próprio Francisco, em sua visita à América do Sul neste ano, "indicou" suas candidatas ao prêmio. Para ele, as mulheres do Paraguai, que reconstruíram o país após o extermínio de boa parte da população masculina na guerra contra Brasil, Uruguai e Argentina no século 19, é que são dignas da láurea.

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