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    Cresce temor entre palestinos de acirramento com Israel

    DIOGO BERCITO
    EM PARIS

    13/10/2015 02h00

    Entre opiniões divergentes sobre a onda de violência em Israel, Cisjordânia e Gaza, o que parece comum a ambos, israelenses e palestinos, é a sensação de insegurança.

    Identificada com uma minoria que tem atacado israelenses a facadas, o restante da população palestina –incluindo quem tem cidadania israelense– vê a piora de suas já difíceis relações com as autoridades de Israel.

    Alaa Badarneh/Efe
    Palestinos e militares israelenses entram em confronto em Nablus, na Cisjordânia
    Palestinos e militares israelenses entram em confronto em Nablus, na Cisjordânia

    Aumentaram, por exemplo, os controles militares que interrompem a rotina de quem precisa se deslocar na região, além da repressão a protestos na Cisjordânia.

    "A situação é muito perigosa e volátil", afirmou à Folha Husam Zomlot, consultor internacional da facção palestina Fatah, que hoje controla parte da Cisjordânia.

    "As pessoas estão com medo de andar na cidade velha de Jerusalém. Há uma histeria. Uma sensação de que você pode ser alvejado sem razão nenhuma", diz.

    Quatro israelenses e 26 palestinos morreram desde o início deste mês em embates.

    Nesta segunda-feira (12), dois palestinos de 13 e 15 anos esfaquearam um israelense de 13 em sua bicicleta, no norte de Jerusalém, disse a polícia. O de 15 anos foi morto a tiros.

    Em outros ataques, que não foram gravados em vídeos, algumas testemunhas questionaram se todos os palestinos mortos realmente estavam armados, pois não teriam visto armas com eles.

    PASSAGEM

    Segundo Xavier Abu Eid, consultor de comunicação da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), existe um "toque de recolher informal" em áreas palestinas, onde moradores evitam sair às ruas à noite com receio de serem alvos de ataques retaliatórios de colonos ou de soldados israelenses.

    "Se você é um extremista israelense e quiser matar um palestino, a única coisa que precisa fazer é atirar e afirmar que ele tinha uma faca."

    Abu Eid diz, ainda, que as tensões recentes levaram a abertura de uma quantidade maior de postos de controle (os "checkpoints") do Exército israelense na Cisjordânia.

    "Há um claro aumento no número de controles militares temporários, impostos unilateralmente entre cidades palestinas, somando-se às centenas de restrições ao movimento que dificultam nossa vida", afirma Abu Eid.

    Diante do cenário atual, grupos palestinos convocaram um "dia de fúria" na Cisjordânia, em Gaza e em Jerusalém Oriental para esta terça-feira (13). Houve chamados por uma greve comercial entre árabes-israelenses.

    Judeus israelenses foram também às ruas para protestar contra o governo do premiê Binyamin Netanyahu, pedindo mais ações para garantir a segurança local, segundo agências de notícias.

    BLOQUEIO

    Há confrontos também em Gaza, com manifestações nas fronteiras e ataques israelenses a esse território –que já enfrenta sanções econômicas e bloqueios por Israel.

    Ali, ao contrário da Cisjordânia, a designação "terceira intifada" tem sido utilizada por líderes políticos.

    A faixa de Gaza é atualmente controlada pelo movimento radical Hamas, rival do Fatah e não reconhecido por Israel como interlocutor.

    "Vínhamos alertando a respeito dessa crise", afirma Raji Sourani, premiado advogado pelos direitos humanos na faixa de Gaza.

    "As pessoas perdem a esperança. Elas se revoltam, e agora pedem delas que sejam 'boas vítimas'."

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