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    Israel autoriza fechamento de bairros em Jerusalém e reforço na segurança

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    14/10/2015 05h31

    As autoridades de Israel começaram a instalar nesta quarta-feira (14) postos de controle nos acessos a bairros palestinos de Jerusalém Oriental. A intenção é tentar conter a onda de violência entre palestinos e israelenses na região.

    A decisão do gabinete de segurança permite que a polícia imponha um toque de recolher e feche bairros considerados "centros de atrito e incitação à violência".

    Nesta quarta, o Exército israelense começou a enviar centenas de militares para ajudar a polícia a reprimir ataques em cidades de todo o país.

    Em Jerusalém, um homem armado com um punhal atacou uma mulher perto da estação central de ônibus, ferindo-a. Segundo a polícia da cidade, um agente atirou contra o agressor e o matou quando ele tentava fugir do local embarcando em um ônibus.

    Os confrontos das duas últimas semanas entre os dois lados provocaram a morte de ao menos oito israelenses e 30 palestinos –13 identificados por Israel como agressores e 17 durante ataques das Forças Armadas e embates com soldados e colonos judeus.

    Na terça (13), quatro atentados realizados por palestinos deixaram três israelenses mortos e ao menos 26 feridos.

    O ministro da Segurança Interna de Israel, Gilad Erdan, disse nesta quarta que os corpos de agressores palestinos mortos não serão devolvidas às suas famílias.

    Segundo Erdan, cortejos fúnebres de palestinos que mataram israelenses muitas vezes se transformam em "um ato de apoio ao terror e de incitação ao assassinato".

    O ministro disse que Israel não permitirá que os agressores mortos "desfrutem de respeito e de cerimônias". Ele sugeriu que os corpos sejam enterrado sem alarde em cemitérios distantes, onde outros agressores palestinos estão enterrados.

    Nesta quarta-feira, uma tentativa de esfaqueamento foi frustrada pela polícia em frente ao portão de Damasco, uma das principais entrada da Cidade Velha de Jerusalém. O agressor, cuja identidade não foi revelada, foi morto ao tentar atacar as forças de segurança.

    Como medidas adicionais, Israel demolirá as casas das famílias dos autores de ataques, revogará as permissões de residência dos envolvidos e não devolverá os corpos dos atacantes a suas famílias.

    "Com estas ações e operações policiais pretendemos responder de forma justa à onda de terror e esfaqueamentos, com base no conceito de tentar fazer cumprir a lei e a ordem a todos", disse a porta-voz da polícia, Luba Samri.

    Todas as medidas aprovadas pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu nesta quarta já foram tomadas pelos israelenses em ondas de violência no passado. Em geral, elas provocaram mais revolta entre os palestinos.

    A instalação de postos de controle dificulta a vida cotidiana, como a viagem das crianças às escolas e dos adultos a seus locais de trabalho. A demolição das casas e a retenção de corpos de palestinos levaram a novos confrontos.

    As novas restrições foram condenadas pela ONG Human Rights Watch. Para a organização, a iniciativa de Israel infringe a liberdade de movimento dos palestinos e é uma reação excessiva aos últimos episódios de violência.

    "A onda de ataques é um desafio para qualquer força policial, mas exacerbar a política punitiva da demolição de casas é uma resposta fora da lei e destinada a provocar dano", disse a representante local da entidade, Sari Bashi.

    MORTE

    Morreu nesta quarta-feira o palestino Ala Abu Jamal, responsável por atropelar e matar um judeu ultraortodoxo no bairro de Mea Shearim, em Jerusalém Ocidental. Ele também esfaqueou um rabino após o atropelamento.

    Ele deverá ser o primeiro a não ter o cadáver entregue a suas famílias. O governo israelense considera que os enterros dos responsáveis pelos ataques, considerados mártires pelos palestinos, provocam mais violência.

    Além deste ataque, homens palestinos armados com facas e uma arma de fogo mataram outros dois israelenses e feriram outros dez em ataques a ônibus perto de Tel Aviv e em Jerusalém Oriental.

    Ataques em Israel

    Uma série de motivos levaram à nova onda de violência, que teve início em Jerusalém Oriental. O principal deles é o aumento do número de visitas de judeus e das restrições à entrada de palestinos na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém. O local é sagrado para o judaísmo e o islamismo.

    Também é citada a interrupção dos diálogos de paz entre as autoridades israelenses e palestinas. Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, oficializou o abandono dos acordos de paz de Oslo. Assinados nos anos 1990, os tratados estabeleciam um plano para a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na faixa de Gaza, mas foram deixados em segundo plano pelos dois lados.

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