• Mundo

    Sunday, 05-May-2024 07:08:41 -03

    Partido anti-imigração vence eleições parlamentares na Suíça

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    18/10/2015 18h09

    O SVP (Partido Popular Suíço) conquistou neste domingo (18) a maioria parlamentar nas eleições suíças. A vitória deve pressionar o governo central em Berna a introduzir cotas para imigrantes vindos de países da União Europeia, da qual a Suíça não faz parte. Projeções da TV suíça dizem que o SVP obteve 65 cadeiras das 200 da câmara baixa do Parlamento —equivalente da Câmara dos Deputados no Brasil. Este seria o maior número obtido por um partido na Suíça em pelo menos cem anos.

    O sucesso do SVP, somado ao aumento de cadeiras para o liberal FDP foi interpretado como um movimento para a direita na política do país.

    A imigração foi um tema central para os votantes, diante da onda de refugiados vindos do Oriente Médio e do Norte da Áfica em busca de asilo na Europa.

    "O voto foi claro", disse o líder do SVP, Toni Brunner, à televisão suíça. "O povo está preocupado com a migração em massa para a Europa."

    Ruben Sprich/Reuters
    Swiss People's Party (SVP) President Toni Brunner talks to media outside the Swiss Parliament building in Bern, Switzerland October 18, 2015. Switzerland's main anti-immigration party SVP is set to cement its position as the country's dominant political force in elections which ends on today, a poll by research institute gfs.bern showed. REUTERS/Ruben Sprich ORG XMIT: RSP08
    Toni Brunner, líder do SVP, fala com jornalistas em frente à sede do Parlamento, em Berna

    Os números deste domingo firmam o SVP como a força dominante da política helvética. O resultado corresponde a 28% dos votos, o que se traduziu em 11 assentos extra no Parlamento, segundo as primeiras projeções da rede local SRF. Em 2011, o partido teve 26,6% dos votos.

    A vitória do SVP, que já era a sigla de maior representação no Parlamento, se dá 20 meses depois que um referendo aprovando limitações ao número de estrangeiros no país. A medida fora amplamente defendida pela agremiação.

    Legisladores têm até 2017 para conseguir conciliar os resultados do referendo com o pacto da União Europeia que garante o livre fluxo de trabalhadores —caso contrário, o governo suíço precisará fixar cotas legais, a despeito de qualquer compromisso com a UE.

    Na Suíça, o sistema vigente é o da democracia direta, o que significa que os cidadãos decidem, em referendos, sobre tópicos centrais, independentemente da composição do Parlamento. A ampliação da ala direitista, porém, deve pressionar Berna a se distanciar do comando da UE, em Bruxelas, que tenta implementar um referendo sobre imigração.

    FIQUEM LIVRES!

    O esquerdista SP (Social-Democratas) ficou em segundo e viu com surpresa sua participação cair para 18,8% dos votos —uma queda de 0,1%, segundo projeções da SRF.

    Já o liberal FDP, terceiro maior partido do país, viu seu apoio crescer em 1,3% e deve ganhar outros três assentos, fazendo com que o Parlamento penda ainda mais para a direita.

    Durante a campanha eleitoral, o SVP atacou reformas suíças para refugiados, mesmo se, na crise atual, o país tem lidado com número muito menor de migrantes do que outros países na Europa, como a Alemanha.
    Com slogans como "Fiquem livres!", o SVP também ancorou sua campanha no temor de que a Suíça possa considerar entrar para a União Europeia. A estratégia incluiu vídeos humorísticos no YouTube visando a parcela mais jovem do eleitorado.

    Os resultados deste domingo fizeram com que a direita clamasse por maior representação no conselho de governo suíço, composto de sete membros. A composição do conselho será decidida em dezembro pelo Parlamento. Na configuração atual, o SVP e o FDP têm atualmente uma cadeira cada um.

    "Reivindico, enfaticamente, que os três maiores partidos tenham duas cadeiras cada um, e que o quarto maior tenha uma", disse Brunner. "Há anos pedimos essa composição, que por décadas foi uma receita de sucesso para a Suíça."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024