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    EUA apuram corrupção envolvendo estatal na Venezuela, diz jornal

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    23/10/2015 12h30

    A Justiça dos EUA investiga se autoridades chavistas usaram a petroleira estatal venezuelana PDVSA para movimentar propinas bilionárias e lavar dinheiro obtido de maneira ilícita, segundo revelou o "The Wall Street Journal" nesta quinta-feira (22).

    De acordo com o jornal, que cita funcionários não identificadas e não apresenta documentos, os supostos esquemas de corrupção eram conduzidos pelo intermediário Diego Salazar, primo de Rafael Ramírez, homem que comandou a estatal entre 2004 a 2014.

    Figura da máxima confiança do então presidente Hugo Chávez (1999-2013), Ramírez não manteve o mesmo prestígio no atual governo de Nicolás Maduro e foi "rebaixado" a embaixador na ONU, seu cargo atual.

    Na gestão Ramírez, Salazar negociava contratos da PDVSA por meio de pagamentos de propinas, diz o "WSJ." As negociações eram supostamente feitas através de empresas de fachada baseadas em paraísos fiscais como Panamá e Belize.

    A PDVSA também teria sido usada para lavar fundos provenientes da venda no câmbio paralelo de dólares obtidos na taxa oficial, uma manobra que permite lucro de mais de 1000%.

    Ainda segundo o "WSJ", investigadores suspeitam que a estatal venezuelana serviu para lavar dinheiro do narcotráfico. No início deste ano, o jornal revelou que a Justiça americana se debruça sobre possível participação do alto comando militar de Caracas no comércio internacional de cocaína.

    PARAÍSO FISCAL

    A investigação sobre a PDVSA foi iniciada por autoridades de Andorra, paraíso fiscal europeu, que pediram reforço dos EUA.

    Funcionários citados pelo jornal dizem que o dinheiro obtido com práticas corruptas permite a Salazar levar uma vida de milionário entre Caracas, Paris, Madri, Nova York e Miami. Apaixonado por Rolex, gosta de presentear assessores com relógios da famosa marca, de acordo com a reportagem.

    Já Ramírez, segundo as pessoas ouvidas pela reportagem, se tornou apreciador de alguns dos vinhos mais caros do mundo.

    Pelo Twitter, Ramírez negou as acusações e as atribuiu a "inimigos do povo."

    "Esses ataques, longe de nos dobrar, nos fortalecem e nos mantêm firmes na luta. Viva Chávez", escreveu o ex-presidente da PDVSA.

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