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    Em depoimento na Câmara, Hillary resiste à pressão de republicanos

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    23/10/2015 02h10

    Deputados republicanos questionaram de forma agressiva nesta quinta (22) a credibilidade de Hillary Clinton, no longo depoimento da ex-secretária de Estado ao comitê que investiga os ataques ao consulado dos EUA em Benghazi (Líbia), em 2012.

    Quatro funcionários americanos foram mortos no incidente, incluindo o embaixador Christopher Stevens.

    Não houve nenhuma revelação de grande importância, mas o clima tenso antecipou o confronto previsto para as eleições do próximo ano, quando os republicanos tentarão voltar a ocupar a Casa Branca.

    Favorita entre os pré-candidatos democratas, Hillary foi alvo de intenso interrogatório dos republicanos.

    Entre outras acusações, eles a culparam de ter ignorado apelos para que a segurança do consulado fosse reforçada e de ter omitido que os ataques haviam sido uma ação terrorista, para não comprometer as chances de seu partido em um ano eleitoral.

    Jonathan Ernst/Reuters
    Hillary Clinton durante pronunciamento sobre o atentado na Líbia em 2012
    Hillary Clinton durante pronunciamento sobre o atentado na Líbia em 2012

    Foi um teste e tanto para Hillary, que passou 11 horas sob implacável interrogatório republicano e sob as lentes das câmaras. Para a maioria dos analistas, ela passou no teste com louvor.

    "Pela primeira vez tivemos uma boa ideia de como seria Hillary como presidente, pela compostura e o conhecimento dos temas", elogiou Carl Bernstein, que ficou famoso como um dos jornalistas que revelaram o escândalo Watergate e é autor de uma biografia de Hillary.

    Demonstrando calma e em alguns momentos certa ironia, Hillary resistiu à pressão dos deputados, que pareciam mais interessados em desestabilizar a pré-candidata.

    Os ataques em Benghazi foram um acontecimento "trágico", afirmou Hillary em seu depoimento ao comitê.

    "Eu assumi a responsabilidade, e parte disso, antes de deixar o cargo, foi lançar reformas para melhor proteger nosso pessoal e ajudar a reduzir a chance de uma nova tragédia", declarou ela.

    'PERDI O SONO'

    Grande parte das cobranças dos deputados republicanos foi sobre o uso feito por Hillary de um servidor privado para enviar e-mails de trabalho, revelado durante os trabalhos do comitê.

    A controvérsia tornou-se um dos pontos fracos de Hillary na campanha e foi motivo de críticas até do presidente Barack Obama.

    O republicano Jim Jordan, um dos deputados mais agressivos, insinuou que a ex-secretária havia ocultado do público que os ataques em Benghazi foram um ato terrorista para não prejudicar as chances do Partido Democrata num ano de eleição.

    A secretária se defendeu alegando que levou tempo para que as circunstâncias dos ataques fossem esclarecidas. Em seguida, buscou afastar as acusações de insensibilidade e negligência. "Perdi mais sono do que todos vocês juntos", afirmou.

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