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    Discurso de governista Scioli indica segundo turno na Argentina

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

    25/10/2015 23h35

    O discurso do candidato governista Daniel Scioli, na noite deste domingo (25), no Luna Park, em Buenos Aires, aponta para um segundo turno na eleição presidencial argentina entre ele e o opositor, Mauricio Macri (Mudemos).

    A noite foi marcada por uma guerra de declarações. Logo após o encerramento das urnas, representantes dos dois partidos anunciaram a vitória de seu grupo. No caso do Mudemos, falaram o chefe de governo eleito, Horacio Larreta, a candidata a vice, Gabriela Michetti e outras lideranças.

    A Frente para a Vitória insistiu na versão de que havia ganho "com ampla maioria", até as 22h (23h em Brasília), quando o próprio Scioli subiu ao palco do Luna Park para "convocar a todos a nos acompanhar até o fim", admitindo que o pleito teria segundo turno.

    Em seu discurso, lembrou o que considera avanços do período kirchnerista, a política de direitos humanos, a estatização da YPF e da Aerolíneas Argentinas e a priorização dos interesses dos trabalhadores.

    A militância começou a ocupar a casa de espetáculos logo após o encerramento das urnas. O espaço logo ficou lotado, com a maioria dos militantes vestindo laranja –cor da campanha de Scioli– e portando bandeiras de movimentos sociais e da Argentina. Não havia sinais de presença do La Cámpora, principal grupo de apoio do kirchnerismo.

    Destacaram-se as "la ñatas", espécie de "cheer leaders" da campanha, que tiraram selfies com os apoiadores de Scioli.

    "Viemos de La Plata, queremos que continuem os planos sociais. Se a oposição ganha, com a crise mundial que está aí, vai tirar isso da gente", disse o estudante Sergio Muñoz, 29, que estuda em La Plata, mas é de Córdoba.

    Em seu discurso, Scioli voltou a assegurar que os benefícios sociais continuarão e que não haverá ajuste que "seja prejudicial aos trabalhadores".

    "Os argentinos não querem voltar ao ajuste, à desvalorização. Meu compromisso é ser um presidente que represente a todos e não só a uns poucos", disse. A seu lado, estava o candidato a vice, Carlos Zannini, homem-forte do kirchnerismo apontado por Cristina para acompanhar Scioli na chapa.

    A presidente votou em Río Gallegos e retornou a Buenos Aires, mas não se dirigiu ao ato.

    Pouco antes, o ministro da Justiça, Julio Alak, disse que as eleições haviam transcorrido "com normalidade" e que havia votado 79% do padrão.

    O segundo turno é inédito na história recente da Argentina. Em 2003, Néstor Kirchner e Carlos Menem chegaram à reta final, mas Menem desistiu e Kirchner virou presidente, com apenas 22% dos votos.

    Para analistas ouvidos pela Folha, o segundo turno é um sinal de "maturidade política" do país.

    "A política argentina não é muito colaborativa, os partidos não fazem aliança. Isso será necessário agora", disse o cientista político Marcos Novaro, da Universidade de Buenos Aires.

    Para Patricio Giusto, do Diagnóstico Político, "vamos começar a ver como se comportam os partidos quando é necessário fazer coalizões com outras forças."

    A campanha entra numa nova fase, em que serão disputados os votos do terceiro colocado, Sergio Massa.

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