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    Japão é o 6º importador de produtos do Brasil, mas intercâmbio desaba

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    29/10/2015 02h17

    A despeito da queda recente nas vendas, o Japão segue como um dos alvos prioritários do setor privado brasileiro, que tenta convencer o governo a buscar um acordo comercial com o país.

    Indústria e agronegócio estão de olho no potencial do mercado japonês, o sexto maior destino de produtos brasileiros no exterior.

    Somente a retomada das vendas perdidas nos últimos anos já renderia bilhões de dólares em negócios.

    Até setembro deste ano, o Brasil embarcou US$ 3,4 bilhões em produtos para o Japão, a metade do que exportara para os japoneses nos primeiros nove meses de 2011.

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    Em relação ao ano passado, a queda é de mais de 30%. A retração das vendas neste ano pode ser explicada, em parte, pela queda no preço das commodities. Os japoneses são grandes consumidores de produtos básicos brasileiros.

    Carne de frango, minério de ferro e café respondem por 54% de tudo que o país enviou ao país asiático de janeiro a setembro.

    Atrapalhou ainda o bloqueio à entrada de carne bovina brasileira em 2012. O embargo, mantido até hoje, foi uma reação ao anúncio de que o país registrou um caso da doença conhecida como mal da vaca louca.

    Mas o Brasil vem enfrentando também maior concorrência e cedendo espaço aos concorrentes.

    No primeiro semestre deste ano, enquanto caíram 8% as importações de mercadorias do Brasil, subiram 12% as encomendas de produtos dos Estados Unidos, um dos principais rivais dos brasileiros no mercado japonês.

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    O avanço da concorrência tende a se intensificar com a entrada em vigor da Tratado Transpacífico, o TTP. O acordo prevê a criação de uma área de livre comércio entre o Japão, os Estados Unidos e mais dez países. A Austrália e o Canadá, outros dois grandes concorrentes dos brasileiros no Japão, também fazem parte do tratado.

    O acordo não é isolado. O Japão já firmou cerca de 15 acordos de livre comércio e mantém outras negociações em andamento.

    Atenta ao movimento, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) lançou no ano passado uma proposta de acordo comercial com o Japão, na tentativa de estimular o governo Dilma Rousseff a se aproximar do país.

    O documento foi produzido em conjunto com a Keidanren, a federação das indústrias do Japão.

    Para os empresários dos dois países, é preciso eliminar barreiras e criar regras únicas para facilitar vendas e investimentos.

    Na proposta, 90% das tarifas seriam zeradas em até dez anos.

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    Em média, a taxa de importação cobrada pelo Japão é baixa. Mas chega a 25% para o suco de laranja e a 30% no caso de couros. Há ainda quotas tarifárias para a importação de manufaturados como calçados.

    "Queremos um acordo de nova geração, que inclua investimentos, propriedade intelectual, compras governamentais. Seria uma forma de estarmos próximos de pelo menos um membro do TTP", diz Carlos Abijaodi, diretor da CNI que participou das discussões sobre a proposta.

    INVESTIMENTOS

    A aproximação comercial também permitiria que as compras de produtos do Japão ficassem mais baratas. Ao contrário do Brasil, cujas vendas se concentram em produtos primários, a pauta exportadora do Japão tem grande concentração de manufaturados.

    Além de automóveis, o principal produto vendido aos brasileiros, os japoneses enviam motores, partes de bicicletas e aviões.

    É do interesse dos fabricantes locais que estes insumos fiquem mais baratos.

    A aproximação pode aumentar ainda o interesse dos investidores japoneses. No ano passado, o Japão foi o sexto que mais injetou dinheiro no país.
    Mas, na opinião do embaixador do Japão no Brasil, Kunio Umeda, há espaço para que os negócios se ampliem.

    Segundo ele, há hoje cerca de 700 empresas japonesas em atividade no Brasil, um número ainda baixo. "O empresariado japonês tem mostrado interesse em investir no Brasil em áreas como infraestrutura, agricultura, automobilismo, tratamento médico, saúde, meio ambiente, finanças e seguros, entre outras", afirmou.

    Colaborou JULIANO MACHADO, editor-adjunto de "Mundo"

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