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    Peronismo busca soluções e culpados após revés nas eleições da Argentina

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES
    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

    30/10/2015 02h00

    O peronismo tenta se reorganizar na Argentina após o baque da eleição de domingo (25), quando o candidato governista a presidente, Daniel Scioli, teve menos votos que o esperado, provocando um inédito segundo turno.

    A mais numerosa força política perdeu ainda a província de Buenos Aires, maior colégio eleitoral do país.
    Isso desatou um conflito interno entre kirchneristas (ala mais radical do peronismo) e aliados de Scioli na busca por culpados e soluções para o segundo turno, no dia 22 de novembro.

    Nesta quinta (29), a presidente Cristina Kirchner fez sua primeira aparição pública desde a votação.

    Em ato na Casa Rosada, onde discursou para militantes com transmissão obrigatória em rádio e TV, criticou o candidato da oposição, Mauricio Macri, e disse que as políticas sociais de seu governo estarão em risco caso ele vença.

    Marcos Brindicci/Reuters
    A presidente Cristina Kirchner acena a militantes na Casa Rosada
    A presidente Cristina Kirchner acena a militantes na Casa Rosada

    "Os direitos não são irreversíveis. Podem mudar se muda a política econômica e o projeto político que comanda o país".

    Sem citar o nome de Macri, Cristina afirmou que o candidato foi contra o matrimônio igualitário e a estatização da YPF e que agora defende essas escolhas. "Devemos aos cidadãos não só palavras, mas sinceridade e transparência. Que ninguém se disfarce do que não é".

    Cristina aparentemente reconheceu o baque do segundo turno e ressaltou as diferenças dentro do peronismo.

    "É claro que para nossa força política causa um pouco de estranheza [o segundo turno], depois dos 45% que obtivemos em 2007 e dos quase 55% em 2011", disse, referindo às suas votações.

    "Não somos iguais no movimento. Não é possível que todos sejamos iguais ou que tenhamos a mesma forma de nos expressar, mas o importante são as políticas. Os nomes não importam, o que importa são as políticas que se levam adiante".

    'NO SE VA'

    Scioli não participou do evento, tampouco foi citado pela presidente, que se emocionou e ouviu a multidão cantando canções como "la jefa no se va".

    O candidato optou por voar à província de Tucumán (norte), onde participou da posse do governador peronista Juan Manzur e se reuniu com dez governadores peronistas, a quem pediu esforço na busca por votos.

    Ele tenta reunir o peronismo e, segundo aliados, tomar distância de Cristina, para atrair eleitores que não estão de acordo com o governo.

    No primeiro turno, Scioli venceu (36,9% dos votos). Mas adversários sustentam que os demais 63% não aprovam a gestão de Cristina e podem votar na oposição.

    Nesta quinta, Scioli falou a eleitores de Sergio Massa, peronista rompido com o governo que ficou em terceiro e sinalizou apoio a Macri.

    "Os dirigentes podem ter seus pontos de vista, mas eu estou mais próximo [dos eleitores de Massa]", disse.

    Ele também tentou minimizar o mal-estar com Cristina. "Falo com a presidente permanentemente. Falei com ela ontem à noite [quarta, 28], sobre as indicações que ela fez para a Suprema Corte".

    A 40 dias do fim do seu mandato, em atitude que irritou a oposição, Cristina enviou ao Congresso duas sugestões de nomes para ocupar vagas na corte.

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