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    Último detento de Guantánamo ligado ao Reino Unido será solto após 14 anos

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIA

    30/10/2015 12h30

    Após 14 anos detido na baía americana de Guantánamo, sem ter passado por julgamento, Shaker Aamer, 48, foi transferido para o Reino Unido, onde será libertado.

    A transferência de Aamer para o país era demandada há anos por ativistas dos direitos humanos e pelo governo britânico.

    Aamer ficou conhecido por organizar longas greves de fome com mais de cem prisioneiros em Guantánamo e por ter se tornado uma espécie de porta-voz para outros detentos, dando detalhes da vida na prisão a seus advogados.

    No entanto, após três prisioneiros terem supostamente se suicidado na prisão quase simultaneamente em junho de 2006, Aamer passou a ser mantido em uma cela isolada.

    Segundo seus apoiadores, a demora para a libertação de Aamer ocorreu porque o governo americano temia que ele divulgasse, se libertado, maus-tratos e torturas cometidos na prisão. Em 2009, uma força-tarefa designada pelo presidente Barack Obama reviu os casos de todos os prisioneiros de Guantánamo, que recomendaram a transferência de Aamer.

    Desde 2007, os EUA concordavam em transferi-lo para a Arábia Saudita, onde ficaria sob custódia do governo local. No entanto, seus advogados argumentaram que ele deveria ir para o Reino Unido, onde vive sua família.

    Aamer tem cidadania saudita —ele foi criado em Medina— e visto de residência britânico. Ele tem quatro filhos no Reino Unido, um dos quais nunca chegou a ver.

    TRAJETÓRIA ATÉ A PRISÃO

    Nascido na Arábia Saudita em 1968, Aamer se mudou em 1985 para os EUA para estudar. Depois, atuou como tradutor para o Exército americano durante a Guerra do Golfo.

    Entre 1994 e 2001, Aamer trabalhou para um escritório de advocacia em Londres, também como tradutor. Em 2001, antes dos ataques do 11 de Setembro, viajou ao Afeganistão, segundo ele, para ajudar na administração de uma escola voltada a meninas. Com a invasão americana, tentou sair do país, mas foi capturado e entregue aos EUA. Em fevereiro de 2002, chegou a Guantánamo.

    Segundo o Departamento de Defesa americano, Aamer era suspeito de vínculos com o terrorismo.

    Documentos do governo vazados pelo WikiLeaks, em 2007, mostram que os EUA acreditavam que Aamer tinha dividido um apartamento na década de 1990 com Zacarias Moussaoui (condenado por participar da conspiração para o 11 de Setembro), feito treinamento com a Al Qaeda para uso de explosivos e mísseis e recebido pagamentos de Osama bin Laden.

    No entanto, os EUA nunca fizeram nenhum julgamento de seu caso, e Aamer sempre negou as suspeitas.

    Com a libertação de Aamer, a população de detentos em Guantánamo cai para 112.

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