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    Fim do 'cerco ao dólar' é a 1ª meta de preferido de Macri para a Economia

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

    03/11/2015 02h00

    Para definir seu modo de atuar, o economista Alfonso Prat-Gay (pronuncia-se "gái") costuma evocar um ícone do bilhar argentino.

    Nos anos 1950, Enrique Navarra foi campeão várias vezes usando uma tática peculiar. Antes de cada jogada, debruçava-se sobre a mesa e explicava o que ia fazer, em que bola e ângulo iria tocar, quais outras bolas seriam atingidas e qual delas seria encaçapada. Geralmente acertava.

    "A primeira coisa que faremos será levantar o cerco ao dólar", vem repetindo o porta-voz econômico do Cambiemos (Mudemos), ex-presidente do Banco Central e, até agora, nome mais cotado para assumir a pasta de Economia caso Mauricio Macri vença as eleições argentinas no próximo dia 22.

    Desde 2012, Prat-Gay vem sendo crítico da política do governo de limitar o acesso ao dólar, causando travas aos comércio exterior.

    Em entrevista à Folha, então, Prat-Gay se referiu à medida como um "corralito verde", fazendo menção ao "corralito" que gerou a crise de 2001.

    Prat-Gay, um liberal social-democrata que costumava apresentar-se com um cartão de visitas que trazia os bigodes de John Maynard Keynes (1883-1946), tem sido objetivo quando aponta as dificuldades que o novo governo herdará a partir de 10 de dezembro: reservas caindo a níveis alarmantes, exportações abaixo do que se observava em 2010, o país sem crescer e criar empregos formais há quatro anos.

    Reprodução de vídeo - 15.out.2015
    Alfonso Prat-Gay, provável ministro da Economia da Argentina caso Mauricio Macri vença a eleição
    Alfonso Prat-Gay, provável ministro da Economia da Argentina caso Mauricio Macri vença a eleição

    "No continente, apenas Argentina e Venezuela estão nessa situação", afirma, no tom crítico com o qual comenta cada aspecto da política econômica da presidente Cristina Kirchner. Acrescenta, ainda, que o atual ministro da Economia, Axel Kicillof, foi "o pior de nossa história".

    Aos 49, Prat-Gay há tempos acaricia a ideia de comandar a economia do país.

    Foi presidente do Banco Central entre 2002 e 2004 –nas gestões de Eduardo Duhalde e Néstor Kirchner– e é tido como uma das peças-chave da saída da Argentina da grave crise de 2001.

    Enquanto esteve no cargo, a inflação caiu de 40% a 3%, e o país retomou o crescimento, numa taxa de 8% ao ano.

    Desentendimentos com o então ministro da Economia, Roberto Lavagna, e com o próprio Néstor levaram a sua saída do cargo.

    Após abandonar o kirchnerismo, Prat-Gay filiou-se à Coalizão Cívica, partido da deputada Elisa Carrió, que concorreu à Presidência em 2003, 2007 e 2011. Com o partido, Prat-Gay elegeu-se deputado, em 2009.

    A atração pela vida pública começou quando Prat-Gay voltou de um longo périplo no exterior.

    Nos anos 1990, viveu nos EUA, estudando economia na Pensilvânia. Terminado o curso, começou a trabalhar no JP Morgan, em Nova York.

    Continuou a serviço deste banco em Buenos Aires e em Londres, até 2001.

    Sua relação de amizade com Mauricio Macri é antiga e várias afinidades os unem. Ambos estudaram no mesmo colégio, o Cardenal Newman –escola bilíngue apenas para garotos no bairro nobre de San Isidro.

    Os dois também são fanáticos pelo Boca Juniors, time do qual Macri foi presidente de 1995 a 2003.

    Às vésperas de completar 50 anos (próximo dia 24), Prat-Gay tem três filhos, cada um nascido num país distinto (EUA, Reino Unido e Argentina), e é conhecido por seu modo de falar tranquilo, com críticas muito enfáticas a seus opositores.

    ROGELIO FRIGERIO

    Segundo nome mais bem cotado para o cargo de ministro da Economia em caso de vitória de Macri, Rogelio Frigerio é neto e tem o mesmo nome de um líder histórico do desenvolvimentismo argentino.

    Presidente do Banco Ciudad, ocupou cargo no Ministério da Economia durante a gestão Menem (1989-99).

    Atualmente, Prat-Gay e Frigerio comandam a equipe econômica da campanha de Macri.

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