• Mundo

    Saturday, 15-Jun-2024 17:43:18 -03

    Unasul confirma envio de missão de observadores à eleição na Venezuela

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    06/11/2015 02h00

    Após semanas de atraso e polêmicas, a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) confirmou na noite desta quinta (5) o envio de uma missão de observadores para a eleição parlamentar na Venezuela, em 6 de dezembro, na qual a oposição prevê possíveis tentativas de fraude.

    O anúncio dissipa temores de que a missão poderia ser cancelada devido ao mal-estar deflagrado com a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) do Brasil de cancelar sua participação em represália ao veto da Venezuela ao ex-ministro Nelson Jobim como chefe dos observadores.

    Em comunicado, a secretaria-geral da Unasul disse que a manutenção da missão foi respaldada em consenso pelos 12 chanceleres do bloco.

    "Essa decisão ratifica a confiança nas missões eleitorais que a Unasul vem conduzindo para fortalecer a democracia", afirma o texto.

    Boris Vergara - 4.nov.2015/Xinhua
    Funcionário do Conselho Nacional Eleioral faz prova com a tinta que será usada nas eleições
    Funcionário do Conselho Nacional Eleioral faz prova com a tinta que será usada nas eleições

    O comunicado, porém, não faz menção ao alcance dos observadores nem ao comando da comitiva, temas que haviam alimentado o imbróglio.

    Em outubro, o TSE suspendeu planos de se juntar aos demais órgãos eleitorais da Unasul na missão de observação na Venezuela pelo veto a Jobim e pela falta de garantias para uma "observação objetiva e imparcial".

    A Venezuela e a secretaria-geral da Unasul negam o veto. Fontes diplomáticas e até integrantes do chavismo disseram à Folha que não houve veto formal, mas uma resistência nos bastidores.

    Segundo Jobim, cujo nome havia sido aprovado pelos demais governos da Unasul, Caracas queria restringir o acesso dos inspetores à oposição e limitar a circulação dos observadores da missão.

    Uma fonte da secretaria-geral da Unasul disse à Folha que a missão poderá ter contato com a oposição e circular livremente.

    O funcionário também minimizou temores de que o tempo esteja se esgotando para que haja uma observação abrangente. Um cronograma inicial estipulava que representantes eleitorais da Unasul já deveriam estar instalados na Venezuela desde o mês passado.

    Segundo a fonte do bloco, será uma missão "no mesmo formato que as anteriores da Unasul".

    Críticos, porém, dizem que as missões anteriores não eram de observação, mas de acompanhamento, nas quais observadores viajavam com todas as despesas pagas por Caracas e circulavam principalmente em função de um roteiro estabelecido por autoridades locais.

    O opositor Eduardo Semtei, ex-vice-presidente do órgão eleitoral venezuelano, se diz cético sobre a missão.

    "Os observadores da Unasul veem, mas não avaliam a tecnologia, o procedimento, a participação, a eficácia, o uso da máquina pública, o desequilíbrio na propaganda etc. Isso compromete a Unasul".

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024