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    Sem as malas, britânicos chegam do Egito com relatos de caos e medo

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    06/11/2015 16h56

    Um grupo de 180 pessoas desembarcou na tarde desta sexta-feira (6) no aeroporto de Gatwick, em Londres, apenas com as bagagens de mão. Eram passageiros do voo EZY9854 (Easyjet), de Sharm el-Sheikh, no Egito, mesmo local de onde partiu o avião russo que caiu no sábado (31) com 224 pessoas a bordo.

    Por decisão do governo britânico, os voos que saem de lá em direção ao Reino Unido a partir desta sexta estão decolando sem as malas despachadas por causa da suspeita de que uma bomba plantada nas bagagens derrubou o voo da empresa russa Metrojet, na península do Sinal.

    Leandro Colon/Folhapress
    Britânico Leroi John, 45, voltou do Egito com uma bolsa e duas sacolasCrédito: Leandro Colon
    Britânico Leroi John, 45, voltou do Egito com uma bolsa e duas sacolas

    A Folha conversou com alguns dos passageiros do avião que pousou em Londres. O britânico Leroi John, 45, passou nove dias com um grupo de amigos num resort em Sharm el-Sheikh, destino turístico de alta procura durante o inverno europeu.

    Leroi John voltou para casa com uma bolsa e duas sacolas. "As malas, com roupas e presentes comprados, ficaram. Nos prometeram entregá-las a partir de amanhã", disse. A expectativa é que essas bagagens sejam inspecionadas e transportadas pelas autoridades britânicas por razões de segurança.

    John relata o clima de caos e desinformação no aeroporto egípcio: "A segurança lá é bem precária, a comunicação está terrível, porque ninguém nos informa direito o que está ocorrendo. Estávamos lá quando o avião caiu, mas nada nos foi passado".

    Rob Cappa, 46, passou seis dias na região com a mulher e o filho. Reclamou também do caos no aeroporto, da falta de assistência da empresa aérea e da embaixada do Reino Unido. "Ninguém ajudou. Não há informação sobre nada, poucos falam inglês, o aeroporto está uma confusão. É um alívio voltar para casa", contou.

    Donna Conway, 66, defendeu a medida do governo britânico de restringir o despacho de malas, mas também criticou a desinformação, sobretudo do aeroporto de Sharm el-Sheikh.

    O governo do Egito afirma que o local é seguro e garante que a região da península do Sinal está sob controle, apesar do rumor de atuação de extremistas ligados à facção radical Estado Islâmico.

    Acidente de avião do Egito

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, decidiu suspender nesta sexta todos os voos comerciais em direção ao Egito até que as investigações sobre a queda do avião da Metrojet sejam concluídas.

    Nos últimos dias, informações atribuídas a fontes dos governos americano e britânico apontam para a suspeita de que uma bomba causou a queda do avião russo. No sábado, dia da tragédia, um grupo ligado ao EI reivindicou a autoria, mas a falta de indícios mais concretos levaram as autoridades a descartarem essa possibilidade naquele momento.

    Mas as últimas 48 horas têm sido marcadas por movimentos e declarações das autoridades, com base em dados de serviços de inteligência, no sentido de que realmente o avião pode ser sido alvo de um atentado. No caso, a aeronave russa teria sido alvo por causa de sua intervenção na Síria, desde o dia 30 de setembro, para combater o Estado Islâmico.

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