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    Favoritismo de candidato da oposição muda campanha na Argentina

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES
    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A ROSARIO

    10/11/2015 02h00

    O jogo virou na disputa pelo segundo turno da eleição argentina e mudou o clima das campanhas do oposicionista Mauricio Macri e do governista Daniel Scioli.

    Agora favorito, segundo as pesquisas de intenção de voto, Macri, líder da coligação Mudemos resolveu avançar sobre os indecisos no interior do país, enquanto o candidato de Cristina Kirchner, acossado, investe pesado na província de Buenos Aires.

    Imprensa da província de Buenos Aires - 7.nov.2015/AFP
    Scioli faz campanha em Ituzaingó, arredores de Buenos Aires; votação do governista na região foi aquém do esperado
    Scioli faz campanha nos arredores de Buenos Aires, onde votação do governista foi aquém do esperado

    Segundo pesquisa do instituto Management & Fit, um dos mais respeitados, Macri está oito pontos à frente.

    Embora governe a província de Buenos Aires, Scioli obteve na região vantagem reduzida (pouco mais de 400 mil votos) e recebeu menos votos do que nas primárias.

    No último sábado (7), ele esteve em Ituzaingó, arredores da capital, visitando a obra inacabada do único hospital local e um centro de monitoramento de segurança.

    Moradores o esperavam na porta. O cântico de vencedor "se sente, se sente, Scioli presidente", dos dias prévios ao primeiro turno, cedeu lugar a gritos de "Força, Scioli!".

    Na cidade, o candidato venceu Macri por 35% a 32%. Na vizinha e mais populosa Morón, Macri levou a melhor, por 38% a 31%. Historicamente peronista, a província se inclinou para a oposição.

    "Estou de excelente humor, sou um otimista fanático", disse Scioli à Folha, sorrindo e alongando sílabas. No primeiro sábado de calor desde o fim do inverno, em setembro, ele percorreria mais duas cidades da província.

    "Tenho fé, está havendo uma reação, uma tomada de consciência coletiva", disse.

    Do lado de fora, o bancário Esteban não se conformava com a desvantagem de Scioli. "Os que votaram em Macri são uns 'boludos' [bobões]. Não veem que se ele ganha perderemos todos os direitos que conquistamos? Macri vai vender o país."

    O slogan governista "Pátria ou Macri", estampado em cartazes a pouco menos de duas semanas da eleição, vende a ideia de que, com Macri, avanços sociais da década kirchnerista correm risco.

    Scioli reitera o argumento "contra os que querem entregar tudo aos mercados" e "os que querem desvalorizar pensando em solucionar os problemas econômicos".

    MACRI

    Os números a favor de Macri ajudaram a baixar o dólar nesta segunda (9) para sua menor cotação em três meses.

    No tudo ou nada contra a oposição, Scioli passou a acenar aos eleitores do terceiro colocado, Sergio Massa, assumindo propostas suas como o reajuste a aposentados renegado por Cristina Kirchner em discurso recente.

    O candidato aposta que peronistas que optaram por Massa votem nele agora.

    Mas os 5 milhões de eleitores de Massa também são cobiçados pelo opositor. Nos últimos dias, Macri visitou o norte do país e concentrou atenção especial em Jujuy, onde Massa levou a melhor.

    Nesta semana, vai a Santa Fé e Mendoza, províncias com forte produção rural onde teve mais votos do que o governista no primeiro turno.

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    No último sábado (7), fez um ato em um parque de skate em Mataderos, na periferia da capital, Buenos Aires.

    Pouco antes do evento, ônibus alugados pela campanha trouxeram militantes vestidos de camiseta laranja com a inscrição "jovens PRO", empunhando bandeiras e cantando "se sente, se sente, Mauricio presidente".

    Sentaram-se de forma organizada na arquibancada e obedeciam a um monitor –apoio organizado típico das agrupações kirchneristas.

    "Precisamos que vocês saiam às ruas e falem com as pessoas, ainda há muita gente indecisa e muita gente que está para mudar de ideia", disse o chefe de governo eleito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

    Macri reforçou que a campanha se direcionará ao interior e aos eleitores de outros candidatos e reafirmou que não recuará nas políticas de assistência kirchnerista. "Nossa mudança não vai tirar nada de ninguém", disse.

    "Vamos representar com humildade a todos, aos que votaram no Sergio (Massa), na Margarita (Stolbizer), no Nicolás (Del Caño) e em Adolfo (Rodríguez Saá). E também quero representar os que votam pelo Scioli, a todos."

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