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    cúpula do G20

    G20 subsidia a poluição ambiental, indica relatório

    CLÓVIS ROSSI
    ENVIADO ESPECIAL A ANTALYA (TURQUIA)

    12/11/2015 16h18 - Atualizado às 19h16

    Edilson Dantas/Folhapress
    Poluição emitida por indústria em Mauá, na Grande SP
    Poluição de fábrica em São Paulo; cúpula do G20 vai abordar emissão de gases de efeito estufa

    Os países do G20 gastam três vezes mais com subsídios a combustíveis poluentes (petróleo, gás e carvão) do que os recursos empregados com energia renovável e, como tal, não poluente.

    O Brasil, por exemplo, emprega US$ 7 bilhões (R$ 26,4 bilhões), na média anual, nesse tipo de subsídio que só faz aumentar a poluição ambiental.

    É o que informa relatório divulgado nesta quinta-feira, 12, pelo centro de pesquisas Oil Change International e pela entidade humanitária Overseas Development Institute, ambos do Reino Unido.

    O gasto total com subsídios a atividades poluidoras chega a U$ 633 bilhões (R$ 2,3 trilhões).

    "A evidência aponta para o financiamento público a algumas das companhias mais poluidoras e que são mais intensivas no uso de carvão", diz o relatório.

    Divulgado na antevéspera da cúpula do G20, que começa domingo,15, em Antalya, no Mediterrâneo turco, o documento provocou furor entre os ambientalistas, que se mobilizaram em massa exatamente para pedir que as grandes economias adotem, na sua reunião, compromissos que permitam o êxito da grande conferência sobre o clima marcada para dezembro em Paris.

    O documento mostra que a pressão é necessária, mas as discussões entre as partes indicam que pode ser inútil.

    Começa pelo fato de que John Kerry, o secretário norte-americano de Estado, praticamente congelou as expectativas sobre Paris, ao dizer ao "Financial Times" que a reunião parisiense não seria vinculante.

    Tradução: embora mais de 100 países já tenham assumido compromissos para reduzir a sua cota de emissão de gases que provocam o aquecimento global, tais compromissos não serão de cumprimento obrigatório.

    Segundo Kerry, de Paris não sairá um tratado, o que diminui a importância de um encontro que está sendo tratado como a última chance de o planeta adotar medidas que evitem que o aquecimento global passe, até o final do século, de 2 graus centígrados acima dos níveis pré-revolução - um teto a partir de cujo rompimento se preveem catástrofes apocalípticas.

    Um segundo relatório é algo mais animador para o G20, mas não para o Brasil: a ONG Transparência Climática informa que as emissões de gases do efeito estufa, o que provoca o aquecimento global, caíram em 11 dos países do grupo.

    Mas, no Brasil, estão aumentando, bem como em outros países densamente povoados, como China e Índia. Crescem também na Arábia Saudita, Coreia do Sul, Rússia, Argentina, Turquia e Indonésia.

    Por isso, uma coleção de entidades ambientalistas marcou uma série de encontros, na Turquia (mas não em Antalya, completamente blindada), para tentar influenciar os líderes do G20.

    Não é um tema da agenda normal do grupo, voltado para questões econômicas, mas será discutido entre eles. A ideia original era a de dar o apoio político à conferência de Paris, mas as declarações de Kerry tendem a desviar o debate para o caráter dessa conferência.

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