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    paris sob ataque

    Análise

    Futuro de Assad na Síria é entrave na relação entre Obama e Putin

    CLÓVIS ROSSI
    ENVIADO ESPECIAL A ANTALYA

    16/11/2015 11h33

    A aparente aproximação entre os Estados Unidos e a Rússia, simbolizada pela foto de Barack Obama em tête-à-tête com Vladimir Putin, durante a cúpula do G20 em Antalya, enfrenta um obstáculo até aqui inamovível, chamado Bashar al-Assad, o ditador da Síria.

    Fácil de explicar: os Estados Unidos acham que a saída de Assad é essencial para o processo constituinte que os dois países –e mais os outros participantes diretos ou indiretos da guerra na Síria– acertaram em Viena, na semana passada.

    Cem Oksuz-15.nov2015/Reuters
    U.S. President Barack Obama (L) talks with Russian President Vladimir Putin (R) and U.S. security advisor Susan Rice (2nd L) prior to the opening session of the Group of 20 (G20) Leaders summit summit in the Mediterranean resort city of Antalya, Turkey November 15, 2015. Man at 2nd R is unidentified. REUTERS/Cem Oksuz/Pool ORG XMIT: AA77R
    Barack Obama (à esq.) conversa com Vladimir Putin em cúpula do G20

    O processo culminaria em 18 meses, após o que se realizariam eleições, sem Assad, pela posição norte-americana, ou com ele, se depeder dos russos.

    Essa divergência tem uma segunda vertente: os russos estão atacando todos os grupos que querem derrubar Assad, sejam os terroristas do Estado Islâmico, sejam as forças apoiadas (e armadas) pelo Ocidente.

    Divergência explicitada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, alinhado com Washington:

    "Nós temos nossas diferenças com os russos, principalmente porque eles fazem muito para degradar a oposição não-Estado Islâmico a Assad, gente que poderia ser parte do futuro da Síria."

    A frase explica tudo: essa "gente", se tiver papel relevante no futuro da Síria, se alinharia ao Ocidente e a Rússia perderia seu cliente no país, o que lhe permite ter sua única base na região.

    Do lado russo, o diplomata e conselheiro do Kremlin Iuri Ushakov (que foi embaixador da Rússia em Washington entre 1999 e 2008) disse ao jornal português "Público" que "os objetivos estratégicos em relação ao combate contra o Estado Islâmico são, numa questão de princípios, muito similares, mas há diferenças na vertente tática".

    Posto de outra forma, a Rússia não gostaria de que a derrota militar do Estado Islâmico abrisse as portas para que a oposição não-terrorista tomasse o poder, destronando Assad.

    No momento, no entanto, EUA e Rússia estão de acordo: sem "eliminar" o Estado Islâmico, conforme o verbo usado por Obama, não há hipótese de iniciar um processo político que cale as armas.

    Se esse objetivo for alcançado, a tática de cada lado voltará a exibir suas diferenças.

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