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    paris sob ataque

    Agitada e atenta, Paris tenta retomar vida após série de ataques

    VINICIUS TORRES FREIRE
    ENVIADO ESPECIAL A PARIS

    17/11/2015 02h00

    As ruas de Paris estavam cheias de gente e medo de supostas bombas no primeiro dia útil depois dos atentados terroristas. Estações importantes de metrô ficaram fechadas por algumas horas devido a não mais do que volumes suspeitos abandonados.

    A estação Cité, na ilha onde ficam Notre Dame e a chefia de polícia, foi fechada porque um funcionário que entrava em uma espécie de bueiro foi tido como possível terrorista e causou algum pânico na região, sede de instituições centrais da Justiça.

    Medo ou precaução levaram o governo a anunciar que a conferência da ONU sobre clima (COP21) não vai contar com eventos paralelos, apenas negociações oficiais.

    As escolas voltaram a funcionar (há aulas nos sábados pela manhã), com postos de assistência psicológica. Mas estão proibidos passeios de grupos de estudantes.

    A vida na cidade parecia normal, agitada. Os parisienses pararam às 12h para o minuto de silêncio —inclusive os trens do metrô. O presidente François Hollande foi à cerimônia na Universidade de Paris-Sorbonne. Chegou 11h58, fez o silêncio, cantou o hino e se foi sem discursar, o que irritou estudantes.

    Além de estações de metrô fechadas e trens mais lentos, não houve incidentes maiores. Fechados no final de semana por causa dos atentados, os museus reabriram. A torre Eiffel também, com poucos interessados em subir. À noite, ela estava iluminada com o azul, branco e vermelho da bandeira francesa.

    No Louvre, havia as filas e a segurança de sempre. O museu informou que o número de visitantes foi o "estimado para a baixa estação, 15 mil por dia". Uma exposição temporária é "Uma Breve História do Futuro". No cartaz do anúncio, se lê: "E se o futuro estiver por um fio?".

    A avenida Haussman, de grandes lojas de departamentos, como Printemps e Galeries Lafayette, estavam lotadas, com grupos tirando fotos das vitrines animadas.

    Seguranças discretos, com braçadeiras, revistavam quem entrava, por apenas uma porta em cada loja. Os vendedores pareciam desanimados. "Caiu um pouco o movimento. Estamos preocupados é com um fracasso de Natal e da COP21", dizia Marion X., que vende cosméticos na Printemps.

    A associação de hotéis notou ligeiro aumento de cancelamentos de reservas, "nada especial ou forte".

    Um mendigo muçulmano reclamava da vida piorada após os atentados. O senegalês Yvon Constantin, da cidade periférica de Les Mureaux, pede dinheiro no metrô Grands Boulevards com a taqiya, o solidéu muçulmano.

    "Pararam de me dar moedas. Se vem, vem dez centavos. Estão com mais raiva de nós. Por causas desses loucos, que têm vida boa e usam o que têm para matar." Constantin não trabalha há 11 anos por "problemas de saúde".

    Mapa dos locais do atentados em Paris

    CLIMA PESADO

    A conferência da ONU sobre o clima será "restrita às negociações [diplomáticas], disse ontem o premiê Manuel Valls. "Concertos, manifestações mais festivas, tudo isso será sem dúvida cancelado."

    O encontro, de 30 de novembro a 11 de dezembro, previa eventos em vários locais da região metropolitana, além das negociações oficiais, e a Marcha Mundial pelo Clima.

    A passeata deveria fazer o percurso tradicional de manifestações parisienses, da Place de la République até a place de la Nation, que atravessa a região de bares onde morreu a maioria das vítimas dos atentados. A République tornou-se ainda o principal centro de homenagens aos mortos.

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