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    paris sob ataque

    Após ataques, 21 Estados americanos descartam receber refugiados sírios

    DE SÃO PAULO

    17/11/2015 02h55

    Ao menos 21 Estados dos Estados Unidos, quase todos sob gestão do Partido Republicano, desafiaram nesta segunda-feira (16) o presidente do país, o democrata Barack Obama, ao se negarem a receber refugiados sírios após os atentados da última sexta-feira (13) em Paris.

    Os Estados dispostos a fechar suas portas aos refugiados são Arizona, Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Illinois, Indiana, Kansas, Kentucky Louisiana, Maine, Michigan, Mississipi, Massachusetts, Ohio, Tennessee, Texas e Wisconsin, todos dirigidos por governadores republicanos.

    A lista, que pode aumentar, também inclui New Hampshire, estado liderado por uma governadora democrata.

    Os governadores anunciaram a recusa após a descoberta de um passaporte em um dos lugares dos atentados em Paris que estava no nome de um cidadão sírio. As digitais do homem-bomba que realizou o ataque coincidem com as registradas no documento de viagem.

    Segundo as investigações, um dos suspeitos dos ataques pode ter chegado a Paris após cruzar Sérvia e Croácia como refugiado.

    No dia 10 de setembro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou que seu governo iniciasse os preparativos para que o país receba pelo menos 10 mil refugiados sírios durante o novo ano fiscal, que começou em 1º de outubro.

    Nesta segunda-feira (16), o assessor0adjunto do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, afirmou que o governo ainda planeja receber 10 mil refugiados sírios, apesar do massacre em Paris.

    No entanto, à luz dos ataques em Paris, que deixaram pelo menos 129 mortos e mais de 350 feridos, os governadores se mostram reticentes a abrir as portas de seus Estados por motivos de segurança.

    Um dos governadores que mais elevou o tom contra o recebimento de refugiados foi o do Texas, Greg Abbott, que governa o segundo estado mais populoso dos Estados Unidos e enviou hoje uma carta a Obama para explicar suas reservas.

    "Como governador do Texas, informo que o estado não aceitará nenhum refugiado da Síria após o letal ataque terrorista em Paris", afirmou Abbott no texto.

    "Além disso, eu e milhões de americanos lhe imploramos para que interrompa seus planos de aceitar mais refugiados sírios nos Estados Unidos. Um 'refugiado' sírio parece ter tido participação no ataque terrorista em Paris", ressaltou o governador texano.

    O governador de Ohio, John Kasich, pré-candidato à indicação do Partido Republicano para as eleições presidenciais de 2016, disse hoje que "de nenhuma maneira" pode ser colocada em "risco" a segurança do povo americano com o recebimento de refugiados sírios.

    Na cúpula do G20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) em Antalya (Turquia), Obama condenou as recusas a permitir a entrada de refugiados sírios nos Estados Unidos: "Isso é vergonhoso, isso não é americano, isso não é o que somos".

    "Nós não fechamos nossos corações a essas vítimas de semelhante violência", declarou.

    Diante da pressão dos governadores, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Mark Toner, afirmou hoje, durante sua entrevista coletiva diária, que os advogados do governo estudam até que ponto os Estados rebeldes podem se negar a aceitar refugiados.

    "Alguns estados expressaram sua preocupação" sobre os refugiados sírios e "levamos a sério suas preocupações", ressaltou Toner.

    Além de John Kasich, outros pré-candidatos republicanos às eleições presidenciais de 2016 se manifestaram hoje contra a chegada de refugiados sírios, como o senador Rand Paul e o neurocirurgião Ben Carson, que lidera as últimas pesquisas sobre os candidatos conservadores à Casa Branca.

    Paul antecipou que apresentará um projeto de lei para impor "uma suspensão imediata aos vistos para refugiados".

    "Acredito que Paris deveria nos despertar para o fato de que não podemos permitir que qualquer um venha a este país", declarou o senador.

    Carson, por sua vez, cobrou aos líderes republicanos no Congresso dos EUA para que promulguem uma legislação que bloqueie o financiamento federal do plano do governo para receber refugiados da Síria, a fim de impedir que "terroristas do EI se infiltrem em Estados disfarçados de refugiados ou imigrantes".

    Apesar da ofensiva republicana, vários Estados dirigidos por governadores democratas, como Connecticut, Vermont e Pensilvânia disseram hoje que suas portas seguem abertas para os refugiados que fogem do conflito na Síria.

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