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    paris sob ataque

    EI dribla vigilância ao se comunicar por PlayStation, dizem especialistas

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    17/11/2015 12h51

    A dificuldade dos serviços de contrainteligência para monitorar a comunicação on-line de terroristas se tornou, mais uma vez, motivo de discussão entre especialistas após os ataques em Paris, na última sexta (13). Entre os instrumentos usados para escapar à vigilância, os videogames têm ganhado destaque.

    Três dias antes dos ataques do Estado Islâmico (EI), o ministro do Interior belga, Jan Jambon, havia alertado para o uso do PlayStation 4 pela facção como canal de comunicação.

    "A pior comunicação [para se monitorar] entre esses terroristas é via PlayStation 4", disse o ministro, em uma conferência organizada pelo site americano Politico. "É muito, muito difícil para nossos serviços [de espionagem] —não apenas os belgas, mas serviços internacionais— para decodificar a comunicação que é feita via PlayStation 4."

    Ina Fassbender - 17.ago.11/Reuters
    ORG XMIT: INA07 Visitors play ''World of Warcraft'' at an exhibition stand during the Gamescom 2011 fair in Cologne August 17, 2011. The Gamescom convention, Europe's largest video games trade fair, runs from August 17 to August 21. REUTERS/Ina Fassbender (GERMANY - Tags: BUSINESS SOCIETY)
    Visitantes jogam World of Warcraft durante a feira Gamescom de 2011, em Colônia (Alemanha)

    A Bélgica é o país de origem de parte dos terroristas envolvidos nos ataques na capital francesa. Não está claro, porém, quais foram os meios de comunicação utilizados entre os perpetradores para planejar e coordenar suas ações.

    A França confirmou, após os atentados, que o EI era o responsável e que havia planejado os ataques fora do país.

    CRIPTOGRAFIA

    Especialistas em comunicação digital afirmam que redes de videogames criadas para que vários jogadores participem de um mesmo jogo via um console, como o PlayStation 4, usam códigos de criptografia completamente diferentes dos usados na web e em aplicativos de celular, o que dificulta o monitoramento de agências governamentais.

    "Não há dúvida de que terroristas e outras redes clandestinas estão usando o PlayStation e outros meios não tradicionais para a comunicação", disse o CEO da iboss Cybersecurity, Paul Martini, ao site da emissora americana Fox News.

    Também à Fox News, a presidente da empresa de tecnologia Alertsec, Ebba Blitz, especula que facções como o Estado Islâmico podem usar a própria dinâmica do jogo, atirando balas contra uma parede virtual, por exemplo, até formar uma palavra.

    Segundo reportagem do "New York Times" de segunda-feira (16), os fabricantes de games costumam deixar abertos aos governos os canais de comunicação entre jogadores usados para que estes enviem mensagens entre si —isso não teria impacto, contudo, na hipótese levantada por Blitz.

    A dificuldade reside também em monitorar centenas de jogos de diversos consoles diferentes utilizados por milhões de jogadores simultaneamente. De acordo com uma reportagem da revista "Forbes" de sábado (14), até jogos não violentos como Super Mario Maker podem ser usados para o compartilhamento de informações privadas entre usuários.

    Em 2013, o "NYT" havia afirmado, a partir de dados vazados por Edward Snowden, que agências de espionagem como a NSA estariam se infiltrando em games como World of Warcraft e o programa de realidade virtual Second Life para monitorar possíveis mensagens terroristas.

    METADADOS

    Serviços de mensagens como o WhatsApp usam criptografia para proteger o conteúdo do texto entre o emissor e o usuário, segundo especialistas consultados pela Associated Press, mas podem rastrear de onde e quando as mensagens foram enviadas e recebidas —informações conhecidas como metadados, que podem ser vigiados por agências de espionagem.

    Como de costume, no último dia 31, o EI utilizou a plataforma Telegram —cuja base fica em Berlim—, semelhante ao WhatsApp, para reivindicar a autoria da derrubada do avião russo da Metrojet na península do Sinai, e mais uma vez para se dizerem autores dos ataques a Paris na sexta (13). Não se sabe, contudo, se os membros da facção utilizam o mesmo método para criptografar sua comunicação interna.

    O Telegram diz oferecer ao usuário um sistema mais avançado de criptografia.

    Estado Islâmico

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