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    paris sob ataque

    França e Rússia se unem militarmente para atacar Estado Islâmico na Síria

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A PARIS

    17/11/2015 14h16 - Atualizado às 21h37

    Ria Novosti/Kremlin/Associated Press
    Presidente russo, Vladimir Putin, fala durante encontro na cidade de Sochi
    Presidente russo, Vladimir Putin, fala durante encontro na cidade de Sochi

    Os atentados que mataram 129 pessoas em Paris na última sexta-feira (13) e a recente queda de um avião russo no Egito, com 224 a bordo, uniram militarmente França e Rússia no combate à facção radical Estado Islâmico em território sírio.

    O acordo foi selado nesta terça-feira (17) numa conversa telefônica entre os presidentes François Hollande e Vladimir Putin.

    Putin determinou que um navio russo no Mediterrâneo ajude forças francesas ao mesmo tempo em que um porta aviões Charles de Gaulle seria deslocado à região para ação conjunta.

    "Precisamos estabelecer uma ligação direta com os franceses e trabalhar juntos como aliados", ordenou o presidente da Rússia à sua equipe militar, de acordo com declaração divulgada por seu governo.

    A Rússia diz que 34 mísseis de cruzeiro de suas forças atingiram nesta terça 14 posições militares do Estado Islâmico -outros 65 ataques aéreos teriam sido realizados, destruindo ao menos seis postos de comando.

    Enquanto isso, a França voltou a bombardear a cidade de Raqqa, apontada como "capital" do Estado Islâmico em território sírio.

    Só que essa ação francesa, assim como outras, foi coordenada pelos Estados Unidos, que lideram a coalizão das potências ocidentais.

    E aí mora o impasse: o presidente Barack Obama resiste a uma aliança com os russos no combate ao EI.

    Hollande vai a Washington no dia 24 se encontrar com o líder americano e, dois dias depois, a Moscou para reunir-se com Putin.

    O francês tem a missão de buscar uma forma de unir lados historicamente opostos militar e politicamente, mas que agora lutam contra um inimigo comum.

    Síria e seus inimigos

    BOMBA NO EGITO

    Putin encontrou na tragédia aérea do Egito o argumento para justificar, segundo suas próprias palavras, uma "aliança" com os franceses.

    Nesta terça, Moscou admitiu pela primeira vez que uma bomba derrubou o Airbus 321 da empresa russa Metrojet com 224 pessoas a bordo no dia 31 de outubro, na península do Sinai, apenas 23 minutos depois de decolar e sem deixar sobreviventes.

    Um artefato explosivo de um quilo de TNT foi empregado para derrubar a aeronave, segundo a Rússia. "Podemos dizer que, definitivamente, foi um ato terrorista", declarou o chefe do serviço de segurança russo, Aleksandr Bortnikov.

    No dia da queda, um grupo extremista que atua na península do Sinai, aliado do Estado Islâmico, reivindicou a derrubada, mas as autoridades reagiram com cautela naquele momento.

    O atentado contra o avião seria uma reação ao movimento russo de atacar o EI na Síria, em parceria de Putin com as forças do ditador sírio, Bashar al-Assad.

    Os governos britânico e americano já haviam levantado a hipótese de que uma bomba fora colocada na bagagem do avião.

    O presidente russo, porém, vinha resistindo a admiti-la por saber que uma retaliação do EI, com mortes de civis russos, poderia enfraquecê-lo internamente.

    Isso também era um problema no cenário externo porque a coalizão liderada pelos EUA, incluindo a França, reagia com ressalvas à intervenção russa na Síria.

    Os atentados do dia 13 na capital francesa, no entanto, mudaram o enredo do conflito, aproximando Putin e Hollande e abrindo caminho para uma aliança militar que, até pouco tempo atrás, parecia improvável.

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