O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, disse nesta quinta-feira (19) que o país está sob o risco de ataques com armas químicas e biológicas, quase uma semana após os ataques terroristas que deixaram 129 mortos e 368 feridos em Paris.
"Nós não podemos descartar nada. Eu digo isso com todo o cuidado necessário. Mas nós sabemos e temos em mente que existe um risco de armas químicas ou bacteriológicas", disse Valls, ao pedir ao Parlamento que estendesse o estado de emergência que está em vigor desde os ataques. "A imaginação macabra dos mentores [do ataque] é ilimitada."
Proposta pelo governo francês, a extensão do estado de emergência, originalmente de 12 dias, para três meses, foi aprovada pelos deputados pouco depois do apelo do premiê. Antes de entrar em vigor, a medida será discutida e votada pelo Senado francês na sexta-feira (20).
Com o estado de emergência, as autoridades terão permissão para proibir "qualquer associação ou encontro", incluindo mesquitas e grupos comunitários.
Ao defender a proposta, Valls disse que "a segurança é a primeira das liberdades". O premiê também anunciou a criação de uma estrutura para conter jovens radicalizados.
"O terrorismo atingiu a França não por causa do que ela faz na Síria e no Iraque (...) mas pelo que ela é", afirmou o premiê.
AINTITERRORISMO
A polícia francesa anunciou nesta quarta ter evitado um novo ataque terrorista, após fazer uma megaoperação de segurança ao norte de Paris contra uma célula radical.
Nesta quinta, a Promotoria de Paris confirmou que o belga Abdelhamid Abaaoud, apontado como um dos mentores dos ataques da semana passada, foi um dos mortos na operação.
A Bélgica, país europeu que abriga o maior número de radicais islamitas em proporção à sua população, deve investir 400 milhões de euros adicionais (R$ 1,6 bilhão) para combater o extremismo, anunciou nesta quinta-feira o primeiro-ministro Charles Michel.
A polícia belga lançou nesta quinta-feira seis operações em Bruxelas, inclusive no subúrbio muçulmano de Molenbeek, alvo de operações anteriores.
Segundo apurou a Associated Press, as autoridades belgas procuram pessoas relacionadas a Bilal Hadfi, um dos homens-bomba que se detonaram próximo ao Stade de France, em Paris, na semana passada.
ARMAS QUÍMICAS
O Estado Islâmico (EI) está investindo agressivamente no desenvolvimento de armas químicas com a ajuda de cientistas do Iraque, da Síria e de outros locais, segundo apurou a Associated Press com fontes dos serviços de inteligência iraquiano e americano.
Autoridades de inteligência dos Estados Unidos dizem não acreditar que o EI tenha capacidade de desenvolver armas sofisticadas, como de gases que atacam o sistema nervoso –mais compatíveis a ataques terroristas contra alvos civis.
Por enquanto, existem indícios de que o grupo usou gás mostarda em duas ocasiões de agosto: em um confronto na Síria contra rebeldes moderados e contra combatentes curdos no Iraque.
Autoridades iraquianas manifestam preocupação devido ao grande território controlado pelos extremistas no Iraque e na Síria ter deixado os serviços de inteligência no escuro em relação ao programa de armas químicas do EI.
"Eles agora têm total liberdade para selecionar os locais para seus laboratórios e para a produção e têm uma ampla gama de especialistas, tanto civis como militares, para ajudá-los", disse um alto funcionário da inteligência iraquiana, em condição de anonimato.
Em julho do ano passado, o governo iraquiano comunicou à ONU que membros do EI haviam tomado uma antiga fábrica de armas químicas, onde estavam guardados resquícios de um programa de Saddam Hussein, na província de Muthanna.
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