Cinco sírios foram detidos na terça-feira (17) por funcionários do serviço de imigração no aeroporto Toncontín, de Tegucigalpa, Honduras, procedentes da vizinha Costa Rica, com passaportes gregos, informou a polícia hondurenha. Os documentos, forjados, teriam sido obtidos no Brasil.

Os homens detidos não pertencem a "nenhuma célula terrorista", disseram as autoridades hondurenhas nesta quinta-feira (19), acrescentando que quatro deles são estudantes universitários.

As autoridades afirmaram que os cinco fugiam do conflito na Síria e que tentavam chegar aos Estados Unidos quando foram interceptados.

	Reuters
	Policiais hondurenhos transportam cinco migrantes sírios detidos no aeroporto de Tegucigalpa

"Os cinco sírios detidos em Honduras não pertencem a nenhuma célula terrorista", disse a diretora do Instituto Nacional de Migração, Carolina Menjivar, em entrevista à imprensa.

A polícia hondurenha declarou não haver sinais de qualquer ligação com os ataques suicidas e disparos de sexta-feira em Paris, que deixaram 129 mortos.

O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelos ataques, e têm surgido relatos de que pelo menos um dos agressores pode ter entrado na Europa junto com os imigrantes que se registraram na Grécia.

Os cinco detidos são parte de um grupo maior de sete cidadãos sírios que obtiveram passaportes adulterados no Brasil e foram por terra para a Argentina rumo ao norte, disse uma fonte do governo dos EUA a par do caso. A fonte afirmou que ainda não há nada que indique que os homens são militantes.

TRÍPLICE FRONTEIRA

Eles se infiltraram pela Tríplice Fronteira, mais exatamente nas proximidades de Foz do Iguaçu, onde Brasil, Argentina e Paraguai se encontram, segundo a fonte. Os três países pertencem ao Mercosul, onde se pode atravessar as divisas com um simples documento de identificação.

"Eles provavelmente passaram a maior parte de seu tempo no Brasil, porque foi onde conseguiram os documentos. Eles cruzaram do Brasil para a Argentina bem rápido", declarou a fonte do governo à Reuters, acrescentando que seu destino era os Estados Unidos.

"Existe uma célula de contrabando humano que está movimentando pessoas pela região", afirmou.

Outra fonte do governo norte-americano e representantes de direitos humanos de Honduras que conversaram com os homens disseram que eles de fato pretendiam se estabelecer na Guatemala, embora isso pareça uma escolha estranha, dado que muitos guatemaltecos estão tentando deixar o país para ficar nos EUA.

Cinco dos homens foram detidos no final da terça-feira na capital hondurenha, Tegucigalpa, recém-chegados da Costa Rica, informou a polícia, que ainda disse que os passaportes foram forjados para receber as fotos dos sírios.

OUTRO LADO

Eles chegaram ao Brasil provenientes da Turquia cerca de uma semana antes, afirmou a fonte do governo dos EUA.

O Brasil, no entanto, não confirma a passagem deles pelo país.

"Nós verificamos com o Ministério de Relações Exteriores, com a Polícia Federal e com o Comitê Nacional para Refugiados e não há nada sobre isso. Nem Honduras nem os Estados Unidos nos contataram, nós não temos os nomes, portanto não sabemos quem são esses homens nem se passaram pelo Brasil", afirmou a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça.

Recentemente o Brasil prorrogou um programa de concessão de vistos de dois anos para refugiados sírios em fuga da guerra civil em sua terra natal, uma das iniciativas humanitárias de maior destaque da política externa da presidente Dilma Rousseff, considerada modesta.

O país já acolheu quase 2.100 sírios, um quarto de sua população total de refugiados. Cerca de 6 mil outros receberam vistos, mas não viajaram para o Brasil.