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    análise

    Ataque no Mali ocorre em bastião francês antiterror

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    20/11/2015 11h32

    O ataque ao hotel Radisson de Bamaco é um recado direto à retórica belicista sacada da manga pelo presidente francês, François Hollande, após os atentados do Estado Islâmico em Paris há uma semana.

    O Mali é o país que concentra o maior número de tropas francesas em operação antiterror no exterior. São cerca de 3.000 soldados, que participam de uma operação com forças de outros países africanos na região do Sahel (uma faixa de transição climática ao sul do Saara que cruza a África por dez países).

    A ação é a continuação de uma operação conduzida entre 2013 e 2014 só pelos franceses, com o aval do acuado governo local do Mali, que enfrentava uma insurreição de tribos nômades árabes e tuaregues aliadas a extremistas islâmicos.

    Vastas áreas do país ficaram sob a lei do terror islâmico. Uma reconstrução magnífica do efeito da chegada dos fundamentalistas à cidade histórica de Timbuktu está disponível no filme homônimo do cineasta mauritano Abderrahmane Sissako, de 2014.

    Na primeira operação, cerca de 4.000 soldados franceses forçaram um cessar-fogo entre as partes. Depois disso, no ano passado, 3.000 ficaram baseados no Mali e coordenaram uma segunda operação com forças de outros governos da região do Sahel, notadamente ex-colônias francesas.

    O interesse francês pelo Sahel não é meramente humanitário: as usinas nucleares que geram 75% da energia consumida na França são alimentadas por urânio importado principalmente do Níger, país vizinho ao Mali.

    Além disso, ao sul e ao norte há produtores importantes de petróleo e gás, como a Argélia e a Nigéria. A instabilidade típica da região costuma ser fatal para os negócios.

    A operação no Sahel sempre foi vendida pelo governo Hollande como um sucesso no combate ao terror –como ocorreu nesta quinta (19). E é isso que, aparentemente, está sendo colocado à prova agora em Bamaco.

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