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    Aliados da Al Qaeda invadem hotel de luxo no Mali e matam 22 pessoas

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    20/11/2015 14h13 - Atualizado às 22h30

    Militantes armados invadiram na manhã de sexta-feira (20) um hotel de luxo em Bamaco, capital do Mali, em uma ação terrorista que deixou ao menos 22 mortos.

    As informações preliminares dão conta também da morte de cinco terroristas durante a ação, em que 170 pessoas foram mantidas reféns, incluindo estrangeiros. A autoria do atentado foi reivindicada pela organização Al Murabitun, uma aliada da rede terrorista Al Qaeda no país do norte da África.

    Mali

    O hotel Radisson Blu, localizado no centro de Bamaco, está próximo a construções do governo e de escritórios diplomáticos. Dos cerca de 170 reféns, havia estrangeiros como turcos, indianos e chineses. Havia também 12 funcionários da Air France.

    Após a soltura dos reféns, militantes ainda permaneciam no hotel, acuados pelas forças especiais de segurança. As autoridades do Mali ainda não informaram se a operação para prender os terroristas teve fim. Horas depois do atentado, as autoridades locais decretaram um estado de emergência por dez dias.

    A contagem de mortos foi feita por uma equipe da ONU e ainda pode ser revista. A maior parte das vítimas foi encontrada no segundo andar do prédio. Os Estados Unidos confirmaram que um cidadão do país foi morto no ataque.

    Sobreviventes ouvidos pelas agências de notícias relatavam que os militantes vasculharam o hotel quarto por quarto. Alguns dos reféns foram libertados após recitar versos do Alcorão, o livro sagrado do islã. Uma testemunha afirma que dois dos terroristas falavam em inglês.

    Segundo as informações do governo local, os atacantes invadiram o hotel em meio a gritos de "Allahu akbar" (Deus é maior, em árabe). A frase, recorrente no islã, é nesses contextos associada a movimentos terroristas, como o Estado Islâmico.

    O ataque é um sério revés ao governo francês, apenas uma semana depois da série de ataques do Estado Islâmico na região de Paris.

    A França faz desde 2013 uma intervenção militar em sua ex-colônia para tentar livrá-la do domínio dos radicais islâmicos, concentrados no norte do Mali. Atualmente, existem 3.500 soldados franceses no país africano.

    A campanha no Mali é vista como principal argumento de extremistas como Estado Islâmico e Al Qaeda para atacar alvos franceses.

    Devido ao risco, as autoridades de Paris recomendaram que seus cidadãos não deixassem suas casas em Bamaco e fecharam as escolas francesas na cidade.

    AL MURABITUN

    A organização terrorista Al Murabitun, que tem sua principal base no norte do Mali, reivindicou o ataque por meio de uma mensagem no microblog Twitter. Não estava confirmada a sua participação no ataque ao hotel de Bamaco.

    A milícia foi formada em agosto de 2013, pela fusão de outras duas forças regionais: a Brigada al-Mulathamin e o Movimento para a Unidade e o Jihad na África Ocidental.

    Seu nome remete à dinastia berbere dos almorávidas, que dominou a região entre a Mauritânia ao sul da Espanha nos séculos 11 e 12.

    Um de seus líderes é um ex-militante da filial da Al Qaeda no norte da África chamado Mokhtar Belmokhtar, uma figura influente que já foi considerada morta por governos ocidentais, apesar das negativas dos extremistas.

    A França tem um papel central no combate a militantes no norte da África, pelo que é um alvo em potencial dessas organizações.

    O ataque ao hotel Radisson Blu em Bamaco pode ter também impacto nas decisões do governo espanhol, que participa de forma minoritária da missão europeia no Mali.

    A imprensa na Espanha informava desde a quinta-feira (19) haver interesse de Madri em substituir o protagonismo francês no Mali, permitindo que o governo de François Hollande concentrasse suas operações na Síria.

    Após o atentado ao Mali, o governo espanhol aparentemente recuou em sua declaração inicial, negando o plano de enviar mais soldados.

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