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    Desafio de Macri será lidar com oposição na Argentina

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    24/11/2015 02h00

    Presidente eleito da Argentina com 51,4% dos votos, o político de centro-direita Mauricio Macri assumirá o país em 16 dias tendo como desafio construir alianças para governar.

    Com um resultado apertado -cerca de 700 mil votos ante o concorrente, o peronista Daniel Scioli-, Macri governará com minoria no Congresso dominado por kirchneristas (a ala radical do peronismo), e com a maior parte das províncias governada por peronistas.

    Nesta segunda-feira (23), um dos maiores interesses de jornalistas no país era saber como Macri lidará com o peronismo na oposição. Desde a redemocratização, em 1983, nenhum governo que não fosse peronista chegou ao fim do mandato.

    "Os governadores estão tão preocupados quanto eu com o que está acontecendo com as economias regionais e com o desemprego. Isso vai nos incentivar a sentar à mesa e pensar em políticas comuns", afirmou Macri.

    "Há enorme espaço de diálogo, como já disseram alguns governadores peronistas. Isso me faz otimista sobre futuros acordos."

    Já nomeado chefe de gabinete de Macri, Marcos Peña negou que a diferença apertada nas urnas indique divisão do país ou risco à governabilidade. "A governabilidade virá dos argentinos, que querem que os governantes solucionem seus problemas e que se coloquem de acordo para trabalhar."

    A curta transição deverá começar nesta terça (24), quando Macri se encontrará com a presidente Cristina Kirchner na residência oficial de Olivos.

    Nesta segunda, Cristina se encontrou com Scioli e, segundo o jornal "Clarín", os dois falaram em construir uma "oposição construtiva" ao governo de Macri.

    O eleito disse que recebeu uma ligação da presidente no domingo (22) à noite para cumprimentá-lo. Nesta segunda, Cristina não fez pronunciamentos ou aparição pública.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Mapa Argentina Segundo Turno votação
    Mapa Argentina Segundo Turno votação

    Na entrevista coletiva, Macri afirmou que pretende dinamizar o Mercosul e, como sinal de aproximação com o Brasil, fará sua primeira viagem oficial como presidente a Brasília.

    Seu rechaço ao governo de Nicolás Maduro (Venezuela) deverá ser um tema a ser tratado pelos dois mandatários.

    Sobre a economia, Macri disse que pretende corrigir o que considera erros do atual governo.

    "O cerco ao dólar foi um erro, não dar informações e estatísticas, não ter um Banco Central independente", afirmou. "São coisas que vamos corrigir, o que abrirá espaço para atrair quem quer investir na Argentina, começando pelos próprios argentinos."

    CREDORES

    Macri evitou falar se haverá uma desvalorização do peso ou sobre a negociação com credores externos.

    "São questões de governo, e nós ainda não assumimos", disse. Ele adiantou apenas que vai unificar as taxas de câmbio -hoje são cinco as cotações- e que o Banco Central administrará o dólar em bandas de flutuação.

    No dia seguinte à eleição, o risco país da Argentina recuou ao menor patamar desde 2011, indício da confiança dos mercados no político. O índice mede o ágio pago por títulos da dívida de um país em relação aos dos EUA e serve de termômetro da confiança do investidor.

    Durante sua primeira entrevista como presidente eleito, Macri se comprometeu ainda a manter julgamentos de crimes cometidos na ditadura militar e disse que pretende mudar a relação com a imprensa, desgastada sob o kirchnerismo.

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