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    'Turquia tem o direito de defender seu território', diz Obama sobre incidente

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    24/11/2015 16h40 - Atualizado às 22h24

    Carlos Barria/Reuters
    U.S. President Barack Obama (L) greets French President Francois Hollande during a joint news conference in the East Room of the White House in Washington November 24, 2015. REUTERS/Carlos Barria ORG XMIT: CB09
    Obama e Hollande se cumprimentam em frente a jornalistas na Casa Branca em encontro nesta terça

    O presidente dos EUA, Barack Obama, não tentou esconder as divergências com Moscou ao falar da derrubada do caça russo pela artilharia turca. Ele afirmou que a Turquia "tem o direito de defender o seu território e seu espaço aéreo" e criticou a ofensiva aérea russa na Síria.

    Os comentários foram feitos durante entrevista coletiva na Casa Branca ao lado do presidente francês, François Hollande.

    A tensão após a queda do avião tornou mais difícil o esforço de Hollande para unir EUA e Rússia numa frente de combate à facção terrorista Estado Islâmico.

    Obama ressaltou a importância do diálogo entre Rússia e Turquia a fim de evitar uma escalada após o incidente, classificado como "punhalada nas costas" pelo presidente russo, Vladimir Putin.

    Apesar de iniciar seu comentário sobre o incidente de modo cauteloso, afirmando que não tinha ainda todas as informações a respeito, Obama partiu para o ataque contra Moscou, observando que a aviação russa estava perto demais da fronteira tuca.

    "Isso indica um problema sobre as operações da Rússia. Elas agem muito perto da fronteira e estão indo atrás da oposição moderada que é apoiada não só pela Turquia, mas por vários países. Se a Rússia direcionar sua energia contra o EI, alguns conflitos e o potencial de erros e escalada serão mais difíceis de ocorrer", disse o presidente.

    COALIZÃO

    O encontro com Obama faz parte da campanha de Hollande para construir uma coalizão internacional contra o EI após os atentados que mataram 130 pessoas em Paris no dia 13.

    Na véspera de chegar a Washington, ele recebera o premiê britânico, David Cameron, que ofereceu uma base aérea britânica no Chipre para os bombardeios da França contra o EI.

    A turnê para criar uma estratégia comum de combate inclui visitas nesta semana aos líderes de Rússia, Alemanha, Itália e China. O encontro mais esperado é o de quinta, com Vladimir Putin.

    Na Casa Branca, o presidente francês reiterou que o ditador sírio deve deixar o poder "o quanto antes", posição que se choca à da Rússia, a favor da permanência de Assad na transição política.

    No plano militar, porém, França e Rússia estão mais alinhados. Na semana passado o porta-aviões francês Charles de Gaulle foi enviado à costa síria e os dois países anunciaram operações conjuntas contra o EI.

    Na entrevista em Washington, Hollande descartou tropas terrestres, dizendo que o plano é apoiar forças locais e intensificar a operação aérea.

    O encontro de Hollande e Obama não trouxe novidades à estratégia contra o EI, que o presidente americano insiste que está dando resultado.

    Segundo ele, depois de quase um ano e cerca de 8.000 bombardeios, a campanha liderada pelos EUA conteve o avanço da milícia.

    Obama disse que a coalizão de 65 países está aberta à Rússia, mas que para isso Moscou deve priorizar a destruição do EI, não a manutenção do regime sírio: "A Rússia está numa coalizão de dois, com o Irã, por Assad".

    Na segunda, Putin reuniu-se por quase duas horas com o líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, em Teerã. Após o encontro, um porta-voz do Kremlin disse que os dois concordam que uma solução política na Síria "não pode ser ditada de fora".

    Durante a visita, Putin disse que "ninguém fora da Síria pode e deve impor à sua população qualquer forma de governo". "Isso deve ser decidido pelo povo sírio", afirmou. "A crise síria deve e vai ser resolvida politicamente."

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