• Mundo

    Saturday, 27-Apr-2024 12:38:36 -03

    Nova chanceler argentina participou de mediação de conflito na Venezuela

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    24/11/2015 20h40 - Atualizado às 23h43

    O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, escolheu uma engenheira, com experiência na mediação de conflitos com a Venezuela, para o cargo de chanceler.

    Suzana Malcorra, 61, participou de reunião com o presidente venezuelano Nicolás Maduro, em Caracas, há pouco mais de um mês.

    Boris Vergara/Xinhua
    A chefe de gabinete de Ban Ki-moon, Susana Malcorra, será a chanceler argentina de Mauricio Macri
    A chefe de gabinete de Ban Ki-moon, Susana Malcorra, será a chanceler argentina de Mauricio Macri

    Chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, ela liderou uma comitiva das Nações Unidas que esteve no país para tratar do conflito fronteiriço da Venezuela com a Guiana. A controvérsia pelo controle de águas onde há produção de petróleo ainda está em aberto.

    Essequibo

    A Venezuela é um dos principais alvos da política externa do novo presidente argentino, que já declarou que vai pressionar o Mercosul para acionar a cláusula democrática contra o país em razão da prisão de políticos venezuelanos.

    O anúncio promete sacudir o bloco, que tem reunião de presidentes marcada para o próximo dia 21, em Assunção. Em entrevista na TV na noite desta terça, Macri reafirmou que pretende discutir o assunto no encontro no Paraguai –quando já estará empossado na Presidência–, e voltou a pedir que o governo brasileiro mude sua orientação.

    "Espero que o Brasil reveja sua posição, pois para mim está mais do que claro que a Venezuela não respeita a democracia", afirmou.

    O governo brasileiro vem mantendo silêncio sobre a questão e outro sócio, o Uruguai, também parece pouco inclinado a punir a Venezuela com a suspensão do bloco.

    "Estamos distantes de uma alteração na ordem democrática na Venezuela", declarou o chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa nesta segunda (23).

    Nesta terça (24), o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Eladio Loizaga, disse estar ciente da posição de Macri, mas Assunção só deverá tomar uma decisão sobre o caso depois das eleições legislativas venezuelanas, em 6 de dezembro.

    Para acionar a cláusula democrática, todos os países do Mercosul devem aprovar a sanção em unanimidade, o que indica que Macri terá um longo caminho de negociação à frente.

    EXPERIÊNCIA NA ONU

    Para navegar neste primeiro desafio internacional declarado pelo argentino, a nova chanceler conta com experiência na ONU, onde trabalha desde 2004, primeiro no Programa Mundial de Alimentos e depois em cargos mais destacados no comando das Nações Unidas.

    Como chefe de gabinete, Malcorra não era funcionária do governo de Cristina Kirchner; ocupava, sim, um cargo executivo. Seu nome chegou a circular entre os cotados para assumir a vaga do secretário-geral após o seu mandato, em 2016.

    Antes da experiência diplomática, a nova chanceler comandou a filial argentina da IBM e a Telecom Argentina, empresa que deixou a presidência após falência na crise de 2001.

    Macri comunicou a nova integrante de seu gabinete pelas redes sociais. Em um comentário no Facebook intitulado "Nossa chanceler", ele elogiou a convocada e repetiu seu interesse em reabrir a Argentina ao mundo.

    "A Argentina precisa vincular-se com os demais países para desenvolver oportunidades de crescimento e prosperidade".

    Pelo Twitter do Itamaraty, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, disse ter telefonado a Malcorra e desejado a ela "todo o sucesso na liderança da diplomacia argentina".

    REUNIÃO COM CRISTINA

    Nesta terça (24), o eleito reuniu-se com a presidente Cristina Kirchner na residência oficial de Olivos. Na saída do encontro de 45 minutos, Macri afirmou que havia sido "uma reunião cordial", mas não deu detalhes sobre os assuntos conversados. Não houve comunicado nem foto do encontro dos dois.

    Antes do encontro, disse que gostaria de ter uma transição organizada. "Que as pessoas que escolhermos possam se reunir com os responsáveis de cada área. Que cada ministro receba e avise seu sucessor sobre o que está fazendo e qual é a situação de seu ministério."

    Eitan Abramovich/AFP
    Mauricio Macri acena para aliados na chegada à Quinta de Olivos para reunião com Cristina Kirchner
    Mauricio Macri acena para aliados na chegada à Quinta de Olivos para reunião com Cristina Kirchner

    Os jornais argentinos "Clarín" e "La Nación" afirmam que, dentre os pedidos do presidente eleito a Cristina Kirchner, estão as renúncias do presidente do Banco Central, Alejandro Vanoli, da procuradora-geral da Nação, Alejandra Gils Carbó, e do presidente da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual, Martín Sabbatella.

    Os três estão entre os principais apoiadores da atual presidente e foram colocados por Cristina em cargos com mandato, ou seja, não podem ser substituídos imediatamente pelo presidente eleito.

    Eleito no último domingo, Macri toma posse em duas semanas, no próximo dia 10 de dezembro.

    Com informações de São Paulo.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024