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    Maduro diz que morte de opositor foi acerto de contas entre quadrilhas

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    26/11/2015 17h44

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira (26) que a morte do opositor Luis Manuel Díaz em um comício foi um acerto de contas entre quadrilhas e criticou quem qualificou o assassinato como crime político.

    Secretário do partido Ação Democrática, Díaz foi morto durante um evento de campanha em Altagracia de Orituco (a 124 km de Caracas) na quarta (25). Lilian Tintori, mulher do opositor Leopoldo López, participava do comício.

    Carlos Garcia Rawlins/Reuters
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebe o emir do Qatar na quarta-feira (25) em Caracas
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebe o emir do Qatar na quarta-feira (25) em Caracas

    Em discurso, Maduro disse que as primeiras investigações apontam para um crime comum. "O Ministério do Interior já tem elementos que mostram um assassinato de acerto de contas entre quadrilhas rivais."

    Ele ainda prestou condolências à família do dirigente opositor e chamou o assassinato de "incidente lamentável". Para seus adversários, porém, não há dúvidas de que se trata de uma ação conduzida por militantes chavistas.

    Onde fica Altagracia de Orituco

    Pouco antes do discurso do presidente, o porta-voz da Mesa de Unidade Democrática, Henry Ramos Allup, afirmou que Díaz foi morto com dez tiros disparados a curta distância, o que, para ele, é um indício de um crime premeditado.

    "Ao terminar o ato com Lilian [Tintori] ouvimos um estrondo. No início não sabíamos se era uma explosão, mas logo vimos que Luis caiu no chão cheio de sangue", disse.

    Nesta quinta (26), Lilian Tintori acusou o chavismo de quererem matá-la e também considera que a morte foi planejada. "O atirador esperou que os meios de comunicação deixassem o comício antes de matá-lo.

    Em nota, a coalizão opositora condenou a morte e pediu investigação "imediata, profunda, profissional e independente", além de acusar o governo de Nicolás Maduro de ser responsável "por ato ou omissão" pelo crime.

    OEA

    A reação do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, ao ataque provocou a ira de Maduro. Para o uruguaio, o assassinato do opositor uma "ferida mortal à democracia" e não é um episódio isolado.

    "Dá-se de forma conjunta com outros ataques contra outros dirigentes políticos da oposição em uma estratégia para amedrontá-los. É hora de por fim ao medo. Cada morto na Venezuela dói hoje em todas as Américas."

    O venezuelano chamou de "lixo" o chanceler do governo de José Mujica (2010-2015), que é considerado um aliado de sua Presidência, e considerou que Almagro age "contra a Venezuela, contra o povo e contra a Revolução Bolivariana".

    "Ainda não tem 12 horas da investigação e lá vem o lixo do Luis Almagro fazer declarações contra a Venezuela. Espero uma retificação do senhor, senhor lixo, porque se meteu com a nossa pátria. Senhor lixo, pedindo desculpas ao lixo."

    A morte do dirigente opositor foi condenada também pelos Estados Unidos, a Espanha, a Unasul e a OEA (Organização dos Estados Americanos). O porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, pediu a proteção dos candidatos à eleição.

    "Este foi o mais mortal de uma série de ataques e atos de intimidação direcionados a candidatos da oposição. Campanhas de medo, violência e intimidação não tem lugar na democracia", disse.

    O ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Luis García-Margallo, pediu investigação independente e a garantia de eleições livres. O Parlamento Europeu ratificou a intenção de enviar uma missão para supervisionar o pleito.

    Representantes da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) que estão em Caracas na missão de acompanhamento eleitoral divulgaram comunicado condenando o ataque e exigindo investigação e punição dos autores.

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