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    Cerimônia de posse provoca novo atrito entre Macri e kirchneristas

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    01/12/2015 21h21

    A cerimônia de posse de Mauricio Macri, presidente eleito da Argentina, no próximo dia 10 de dezembro virou mais um tema de divergência entre kirchneristas e oposição a poucos dias do fim do governo de Cristina Kirchner.

    Os kirchneristas querem que Macri, que venceu a eleição liderando a oposição contra Cristina, receba a faixa presidencial no Congresso, onde o novo presidente também faria seu juramento e oficializaria a posse. Já aliados de Macri querem que se faça a passagem da faixa na sede do governo, a Casa Rosada.

    Desde a volta da democracia, em 1983, os presidentes Raúl Alfonsín (1983-89), Carlos Menem (1989-99) e Fernando de la Rúa (1999-2001) receberam a faixa celeste e branca e o bastão presidencial de seus antecessores na Casa Rosada. Néstor e Cristina mudaram o local da cerimônia para o Congresso.

    Raúl Ferrari - 24.nov.2015/Xinhua
    O presidente eleito Mauricio Macri após seu encontro com a presidente Cristina Kirchner, no dia 24
    O presidente eleito Mauricio Macri após seu encontro com a presidente Cristina Kirchner, no dia 24

    MILITÂNCIA

    Os macristas querem que o político, o primeiro presidente civil da Argentina que não é peronista nem da União Cívica Radical em sete décadas –desde o conservador Ramón Castillo (1942-43)– receba os cumprimentos de políticos e presidentes de outros países na sede do governo.

    Mas há outra preocupação no radar dos macristas: evitar a militância kirchnerista já convocada para apoiar a presidente que deixa o cargo.

    Espera-se que uma multidão de integrantes da agrupação La Cámpora ocupe as galerias da Câmara dos Deputados e também a praça em frente ao Congresso.

    O assunto foi tratado pelo futuro presidente da Câmara, o macrista Emilio Monzó, e o atual, o kirchnerista Julián Dominguez, na segunda (30). Monzó disse que Macri faria o juramento no Congresso e seguiria à Casa Rosada, onde receberia a faixa de Cristina.

    No entanto, nesta terça-feira (1º), o chefe de gabinete da presidente, Aníbal Fernández, afirmou que a passagem da faixa seria no Congresso, o que, segundo ele, obedeceria à Constituição.

    "[A cerimônia] não pode ser como cada um quer; não se pode fazê-la no Barrio Parque [lugar abastado da capital, onde Macri mora] e entregar o bastão na casa do presidente eleito", disse.

    Seu argumento é que o juramento no Congresso é o marco previsto em lei para a posse do novo presidente. Nesse momento, Cristina passaria a Macri todos os "atributos" de novo presidente.

    HISTÓRICO

    Alfonsín, o primeiro presidente eleito democraticamente após a ditadura militar, recebeu a faixa e o bastão presidenciais das mãos do general Reynaldo Bignone na Casa Rosada em 1983.

    Sem conseguir chegar ao fim de seu mandato, em meio a uma crise de governabilidade, o político da UCR passaria a faixa antecipadamente, em julho de 1989, ao peronista Menem. Apesar da turbulência, o novo presidente foi recebido na sede de governo.

    De la Rúa, que renunciou dois anos após a posse, em meio ao colapso político e econômico de 2001, também recebeu faixa e bastão presidenciais na Casa Rosada. Depois, o ritual de posse mudou.

    Em 2003, depois de passarem cinco presidentes temporários no comando da Argentina, Néstor Kirchner foi empossado no Congresso.

    Cristina repetiu a cerimônia, em 2007 e na reeleição, em 2011, quando recebeu a faixa de sua filha, Florencia Kirchner –Néstor havia morrido poucos meses antes, em dezembro de 2010.

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